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O hábito de mastigar madeira, morder o lápis e outros objetos duros: como isso pode beneficiar o cérebro?

A ciência já sabia que a mastigação estimula o fluxo sanguíneo cerebral, mas os mecanismos que ligavam esse aumento da oferta de sangue à melhora da cognição ainda são pouco compreendidos. Um novo estudo demonstrou os aumentos dos níveis de um potente antioxidante - a glutationa - em uma parte do cérebro.

Leonardo Faria por Leonardo Faria
09/03/2025
em Saúde & Alta Performance Cerebral
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A mastigação pode parecer um ato muito simples, mas seu impacto sobre o funcionamento cerebral tem sido explorado até pela neurociência. Estudos recentes indicam que mastigar alimentos moderadamente duros pode ir além do papel mecânico de facilitar a digestão, exercendo um efeito positivo na atividade cerebral e na capacidade cognitiva. Em particular, novas evidências sugerem que essa ação pode aumentar os níveis de glutationa, um antioxidante essencial para a proteção das células cerebrais contra danos oxidativos.

Neste artigo, exploramos como a mastigação influencia o metabolismo cerebral, os impactos sobre a memória e o raciocínio, e o que isso significa para a saúde cognitiva a longo prazo. Utilizaremos como referência um novo estudo publicado recentemente na revista Frontiers in Systems Neuroscience.

Mastigar o lápis
Segundo um novo estudo, mastigar madeira, morder o lápis e outros objetos duros pode beneficiar a memória e a concentração.

Mastigação e neurociência: o que sabemos

A relação entre mastigação e atividade cerebral tem sido estudada há décadas. Evidências sugerem que a mastigação influencia o fluxo sanguíneo cerebral, promovendo a entrega de oxigênio e nutrientes essenciais ao cérebro. Além disso, a mastigação ativa áreas cerebrais envolvidas na função cognitiva, incluindo o hipocampo, região crucial para a formação da memória.

Um estudo publicado na Frontiers in Systems Neuroscience (Kim et al., 2024) examinou como a mastigação de materiais de diferentes texturas afeta a produção de antioxidantes no cérebro. Os pesquisadores descobriram que mastigar madeira resultou em um aumento significativo dos níveis de glutationa no córtex cingulado anterior, região relacionada ao controle cognitivo e processos de tomada de decisão.

O papel da glutationa na proteção cerebral

A glutationa é um dos principais antioxidantes do organismo, fundamental para neutralizar radicais livres e proteger as células cerebrais contra o estresse oxidativo. Como o cérebro utiliza uma quantidade desproporcional de oxigênio e é rico em lipídios suscetíveis à oxidação, sua vulnerabilidade ao estresse oxidativo é elevada.

Baixos níveis de glutationa estão associados a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Portanto, encontrar maneiras naturais de aumentar sua concentração no cérebro pode ser essencial para a prevenção do declínio cognitivo.

O Estudo: mastigar madeira aumenta glutationa e melhora a memória

O estudo realizado por Kim et al. (2024) recrutou 52 estudantes universitários saudáveis e os dividiu em dois grupos: um mascou chiclete de parafina (um padrão usado em pesquisas) e o outro mascou palitos de madeira. Utilizando espectroscopia de ressonância magnética (MRS) para medir os níveis de glutationa antes e depois da mastigação, os pesquisadores observaram um aumento significativo do antioxidante apenas no grupo que mascou madeira.

Os participantes também realizaram testes cognitivos antes e depois da sessão de mastigação. Os resultados indicaram que aqueles que mascavam madeira apresentaram melhora na memória imediata e na capacidade de lembrar histórias, enquanto os do grupo do chiclete não demonstraram ganhos cognitivos significativos.

Explicação biológica: por que a mastigação de objetos mais duros tem esse efeito?

A hipótese principal dos pesquisadores é que mastigar materiais mais duros exige maior ativação muscular e neural, estimulando circuitos cerebrais ligados ao controle motor e ao processamento sensorial. Isso pode desencadear uma resposta metabólica que impulsiona a produção de glutationa como forma de proteger o cérebro contra o estresse oxidativo gerado pela atividade neural intensificada.

Além disso, alimentos mais duros podem aumentar o fluxo sanguíneo cerebral de maneira mais eficaz do que a mastigação de substâncias macias, fornecendo mais oxigênio e nutrientes essenciais ao funcionamento neuronal.

Riscos da mastigação de objetos

Embora a mastigação de materiais mais duros possa trazer benefícios cognitivos, é importante alertar sobre os riscos de morder ou mastigar objetos inadequados, como lápis, canetas ou outros itens não alimentares. Esse hábito pode levar a erosão dentária, bruxismo, problemas articulares como a Disfunção Temporomandibular (DTM), além de sintomas como dor de cabeça, estalos na articulação, inchaço no rosto e até mesmo trancamento da mandíbula. Feridas e machucados na gengiva, infecções e inflamações também podem ocorrer.

Além disso, a mastigação excessiva e não intencional de objetos pode estar relacionada à alotriofagia, um transtorno alimentar caracterizado pela ingestão de substâncias não nutritivas, o que pode causar sérios danos à saúde bucal e geral.

Implicações para a saúde cognitiva

Os resultados desse estudo sugerem que incluir alimentos mais duros na dieta pode ser uma estratégia simples e natural para melhorar a função cerebral e aumentar as defesas antioxidantes do cérebro. Alimentos como cenouras cruas, nozes e sementes podem oferecer benefícios semelhantes.

Limitações do estudo e pesquisas futuras

Embora os resultados sejam promissores, algumas limitações devem ser consideradas:

  • O estudo envolveu apenas jovens saudáveis, tornando necessária a investigação desses efeitos em populações mais velhas ou com doenças neurodegenerativas.
  • Apenas o córtex cingulado anterior foi analisado; outras regiões cerebrais podem responder de maneira diferente.
  • O tempo de mastigação foi curto (5 minutos). Estudos futuros poderiam avaliar se mastigação prolongada amplifica os benefícios observados.

Conclusão

A ciência da mastigação está apenas começando a ser explorada em profundidade, mas os resultados preliminares indicam que o tipo de alimento que mastigamos pode influenciar significativamente nossa saúde cerebral. Comprovadamente, mastigar materiais mais duros aumenta os níveis de glutationa, potencializando a proteção antioxidante do cérebro e melhorando a memória.

Incorporar alimentos duros na dieta pode ser uma estratégia natural para otimizar a função cognitiva ao longo da vida. No futuro, mais pesquisas poderão esclarecer como diferentes tipos de mastigação impactam a neuroproteção e se esses efeitos se traduzem em redução do risco de doenças neurodegenerativas.

Referências e Leitura Complementar:
  1. Kim, S., Kim, J. H., Lee, H., Jang, S. H., Noeske, R., Choi, C., … & Choi, Y. H. (2024). Effect of chewing hard material on boosting brain antioxidant levels and enhancing cognitive function. Frontiers in systems neuroscience, 18, 1489919. ➞ Ler Artigo

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