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Vantagens da dislexia: habilidades relacionadas à percepção visual

Entenda como a dislexia está associada a diferenças em algumas habilidades cognitivas, e como essas diferenças podem ser uma vantagem em algumas circunstâncias.

Leonardo Faria por Leonardo Faria
08/05/2024
em Transtornos & Doenças do Cérebro
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38

Um distúrbio de aprendizagem e do neurodesenvolvimento. O principal sintoma da dislexia é a dificuldade para ler e/ou escrever. Além disso, a pessoa disléxica tem uma maior dificuldade para correlacionar letras e sons, assim como formar ou escrever palavras ordenando corretamente as sílabas.

Apesar de ser caracterizada como um transtorno, há relatos e indícios de que os disléxicos apresentem algumas habilidades cognitivas e sensoperceptivas aprimoradas. Este artigo examina esse tópico, mais especificamente em relação à percepção visual.

As figuras impossíveis

Algumas regiões do cérebro, localizadas no córtex pré-frontal direito, são sensíveis à percepção de causalidade, e sua atividade é importante para nos alertar à situações suspeitas e duvidosas, possíveis fontes de perigo ou tentativas de nos “passar para trás”. Sem o funcionamento adequado de tais regiões, ficamos incapazes de perceber um paradoxo, ou seja, uma situação em que há um quebra da lógica.

Muitas das famosas gravuras do artista Escher ativam uma resposta semelhante, porque elas retratam cenas que violam essa causalidade. Sua famosa “Cachoeira” mostra uma roda de água alimentada por água caindo de uma calha de madeira. A água gira a roda e é redirecionada para cima de volta à boca do canal, onde ela pode voltar a derramar sobre o volante, em um ciclo interminável. O desenho (abaixo) ilustra uma situação que viola praticamente todas as leis físicas que aprendemos nos livros, e nosso cérebro percebe essa esquisitice lógica como algo divertido – uma “piada visual”.

figuras impossíveis, percepção visual e dislexia habilidades
Waterfall, uma litografia do artista holandês M. C. Escher, impressa pela primeira vez em outubro de 1961. disléxicos seriam mais perceptivos a incongruências visuais como a evidenciada neste quadro. Repare como a cachoeira se encontra em uma perspectiva fisicamente impossível.

O truque que torna os desenhos de Escher intrigantes é uma construção geométrica que os psicólogos denominam “figura impossível”; tais desenhos sugerem objetos tridimensionais que não poderiam existir a partir da nossa experiência real.

Uma vantagem perceptiva dos disléxicos?

Psicólogos, incluindo uma equipe liderada por Catya von Károlyi, da Universidade de Wisconsin-Eau Claire, têm usado essas formas para estudar a cognição humana. Quando a equipe pediu às pessoas para escolher dentre supostas figuras impossíveis, aquelas que não violassem a causalidade, ficaram surpresos ao descobrir que algumas pessoas conseguiram fazê-lo mais rapidamente do que outras. E o mais surpreendente de tudo, os portadores de dislexia estavam neste grupo.

A dislexia traz desafios para a aprendizagem. Embora seus efeitos variem muito, as crianças com dislexia lêem tão lentamente que normalmente levam a metade de um ano para ler o mesmo número de palavras que outras crianças leriam em apenas um dia. Foi uma grande surpresa para os pesquisadores o fato de que pessoas com tal dificuldade de leitura fossem tão hábeis em escolher as figuras impossíveis. Essas diferenças de sensibilidade para a percepção causal pode explicar por que pessoas como Carole Greider e Baruj Benacerraf foram capazes de ganhar o prêmio Nobel em ciência, apesar dos desafios ao longo da vida que tiveram às custas da dislexia.

Por que essas vantagens perceptivas nos disléxicos? Uma coisa é certa: a leitura muda a estrutura do cérebro. Um ávido leitor pode ler por uma hora ou mais por dia, dia após dia, por anos a fio. Este treinamento repetitivo altamente especializado, exigindo um controle extraordinariamente preciso dos movimentos dos olhos, pode rapidamente reestruturar o sistema visual, de modo a formar alguns percursos neuromotores mais eficientes do que outros.

Aprender a ler teria um custo

Quando adultos analfabetos foram ensinados a ler, um estudo de imagem liderado por Stanislas Dehaene na França mostrou que as mudanças ocorridas no cérebro com a leitura foram adquiridas. Mas, ao desenvolverem habilidades para a leitura, eles também perderam suas antigas habilidades para processar certos tipos de informação visual, tais como a capacidade de determinar quando um objeto é o espelho da imagem de outro. Aprender a ler, portanto, tem um custo, e a capacidade de realizar certos tipos de processamento visual é perdida quando as pessoas lêem fluentemente. Isso sugere que os pontos fortes da percepção visual na dislexia são simplesmente resultado de diferenças na experiência, uma consequência da má leitura ao longo dos anos.

Outra questão para explicar porque as pessoas com dislexia podem apresentar algumas habilidades visuais extras é que elas têm dificuldade em gerir a atenção visual. Pode parecer irônico à primeira vista, mas faz sentido quando você percebe que o que chamamos de “vantagem” e “desvantagem” só têm sentido no contexto da tarefa que precisa ser realizada.

Estudos italianos apontam para um déficit na atenção visual

Uma série de estudos conduzidos por uma equipe italiana liderada por Andrea Facoetti têm demonstrado que crianças com dislexia muitas vezes apresentam deficiências na atenção visual. Em um estudo, a equipe de Facoetti mediu a atenção visual em 82 crianças pré-escolares que ainda não haviam aprendido a ler. Os pesquisadores, então, aguardaram alguns anos até que as crianças terminassem o segundo grau, e depois analisaram o quão bem cada criança tinha aprendido a ler. Eles descobriram que aqueles que tinham dificuldade em focar sua atenção visual na pré-escola tinham mais dificuldade. Estes estudos levantam a possibilidade de que os déficits de atenção visual, presentes a partir de uma idade muito precoce, seriam os responsáveis ​​pelos desafios de leitura característicos da dislexia.

Uma percepção mais holística para os sons

Se este realmente for o caso, dado que a atenção afeta a percepção de forma muito geral, as pessoas com dislexia podem ver as coisas de forma muito mais holística. E isso também seria válido para a percepção de sons. Descobriu-se que os disléxicos são capazes de escolher mais palavras ditas por vozes amplamente distribuídas no ambiente, em comparação com pessoas que são leitores proficientes.

Qualquer que seja o mecanismo, uma coisa está clara: a dislexia está associada a diferenças nas habilidades visuais, e essas diferenças podem ser uma vantagem em algumas circunstâncias.

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Comentários 38

  1. Francisco Victor says:
    5 anos atrás

    Uma boa idéia é você ler pra ele, coisas que o garoto goste, trabalha muito a imaginação

    Responder
  2. Francisco Victor says:
    5 anos atrás

    Uma boa idéia é você ler pra ele, coisas que o garoto goste, trabalha muito a imaginação

    Responder
  3. Francisco Victor says:
    5 anos atrás

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  4. Francisco Victor says:
    5 anos atrás

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    Responder
  5. Cleonice says:
    5 anos atrás

    Olá, Me chamo Cleonice!
    Acabei de descobrir que tenho Dislexia, só agora entendo minha dificuldade de gravar nomes de pessoas que acabei de conhecer e até mesmo nomes de pessoas que eu conheço a muito tempo, não consigo diferenciar direita e esquerda, tenho que me concentrar muito na leitura, não consigo diferenciar os som de algumas letra com por exemplo F e V, S ou SS e assim vai, na universidade nunca estudei para uma prova, pois não consigo gravar, só que tiro notas boas por causa da memória , durante as aulas eu me concentro no professor, todos seus gesto e suas palavras e expressões e me lembro na hora da provas, me lembro exatamente da imagem dele falando sobre a pergunta correspondente na prova, Obrigado pela matéria.

    Responder
  6. Cleonice says:
    5 anos atrás

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  10. Cleonice says:
    5 anos atrás

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