Recentemente, algumas pesquisas sugerem que a meditação pode ser um método eficaz para o envelhecimento saudável. A prática pode diminuir ou até mesmo reverter a degeneração do cérebro relacionada com a idade.
A expectativa de vida tem aumentado. Com o envelhecimento da população, aumenta-se o declínio cognitivo e os níveis de demência. Ao longo dos anos, o cérebro passa por um processo de deterioração estrutural que leva progressivamente a deficiências funcionais, o que é acompanhado por um risco aumentado de doença mental e neurodegenerativa. Em função disso, as técnicas que minimizam os efeitos negativos do envelhecimento do cérebro ganham mais atenção. Recentemente, algumas pesquisas sugerem que a meditação pode ser um método eficaz para o envelhecimento saudável.
Sugere-se que a meditação pode estar associada a efeitos benéficos sobre domínios cognitivos, incluindo atenção, memória, fluência verbal, função executiva, velocidade no processamento de informações e outras atividades. Isso porque a meditação está associada a um controle crescente sobre os recursos cerebrais. Estudos que exploram os efeitos de proteção do cérebro ainda são escassos, mas os resultados parecem sugerir que a meditação pode diminuir ou até mesmo reverter a degeneração do cérebro relacionada com a idade.
Quais são as evidências?
Pesquisadores do Departamento de Neurologia da Universidade da Califórnia e da Austrália fizeram um levantamento dos dados até então encontrados e os compararam com uma nova pesquisa realizada com 100 participantes, sendo 50 meditadores e 50 controles, entre a faixa etária de 24 e 77 anos. O objetivo foi identificar evidências dos efeitos positivos que a meditação exerce sobre a saúde cerebral.
O que os resultados apontam?
Os resultados comparativos sugeriram que ambos os grupos tiveram redução da substância cinzenta relacionada com a idade. No entanto, essa redução foi menos acentuada nos indivíduos praticantes da meditação; eles tiveram também menos regiões afetadas e em menor escala. Ou seja, apesar do declínio relativo de massa em ambos os grupos, esses efeitos foram menos proeminentes entre os meditadores.
Quais são os possíveis mecanismos envolvidos?
Em geral, envolver o cérebro em atividades mentais intensas tem sido associado a estimulação de ramificações nos neurônios e na gênese de novas conexões sinápticas. Essas mudanças micro-anatômicas podem se manifestar através do aumento da massa cinzenta cerebral. Além disso, esse ganho pode mascarar ou combater a perda de massa cinzenta que seria normal com o envelhecimento, principalmente no hipocampo e giro do cíngulo, fortemente relacionados com a memória e aprendizagem.
Um mecanismo complementar para a conservação de massa cinzenta através da meditação pode ser a redução dos níveis de estresse, sub-regulação da neurogênese e ativação de processos anti-inflamatórios que protegem as células cerebrais.
É importante reconhecer que os efeitos observados podem estar relacionados a outras práticas associadas à meditação que também influenciam essa neuroproteção, como hábitos saudáveis relacionados com a alimentação, sono, exercícios físicos, além de disciplina, rotina organizada e tempo livre. Algumas dessas condições possibilitariam ao indivíduo maior dedicação à meditação, gerando circunstâncias secundárias que também atuam como efeito protetor e acabam favorecendo um bom envelhecimento.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido…
São necessários estudos que explorem cada vez mais os efeitos dos diferentes estilos de meditação no âmbito do envelhecimento cerebral e que determinem, por exemplo, qual a quantidade, frequência e regularidade de meditação necessária para que os benefícios sejam de fato alcançados.
Além disso, dado que a grande maioria dos idosos sofrem com grande deterioração da função cognitiva ao longo do envelhecimento, torna-se importante que as investigações se estendam para além dos coeficientes anatômicos e busquem a compreensão da relação entre meditação e capacidade cognitiva. Isso permitiria aproveitar ainda mais os ganhos propiciados.
O que muda para o futuro?
O acúmulo gradativo de evidências científicas que comprovam que a meditação pode atuar protegendo o cérebro pode corroborar na prática tanto o envelhecimento saudável, como também amenizar os efeitos do envelhecimento patológico, a exemplo do que acontece na doença de Alzheimer.
Interessante, não? Ainda não se convenceu a começar? E se te disséssemos que a Meditação tem tantos benefícios para o seu corpo quanto para sua mente? Leia esse artigo e descubra em que mais ela pode ajudar.
Referência Bibliográfica: Frontiers
Imagem: Imagem 1