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Transtorno de Ansiedade Social (TAS): sintomas, causas, tratamento e o que acontece no cérebro de quem tem

Você tem medo de falar em público, conhecer novas pessoas, namorar, estar em uma entrevista de emprego, responder a uma pergunta durante a aula, ou ter que falar com o caixa de uma loja? Teme ter que fazer coisas cotidianas, como comer ou beber na frente de outras pessoas ou usar um banheiro público?

Tatiane Veríssimo por Tatiane Veríssimo
12/06/2024
em Transtornos & Doenças do Cérebro
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Fobia social, medo das pessoas, preferência pelo isolamento… e quando as interações sociais causam uma ansiedade irracional? Este artigo é sobre o transtorno de ansiedade social, também conhecido como fobia social, as causas, os tratamentos e algumas explicações sobre o que acontece no cérebro das pessoas com esse tipo de disfunção neuropsiquiátrica.

Transtorno de Ansiedade Social (TAS)

Por sermos seres altamente sociáveis, é natural que sintamos certo desconforto em exposições em público, principalmente sob circunstâncias de avaliação. No entanto, quando a ansiedade nas interações interpessoais é excessiva, a ponto de gerar impacto negativo na vida da pessoa, podemos estar diante de um quadro de Transtorno de Ansiedade Social (TAS)¹.

O transtorno de ansiedade social é considerado um transtorno de alta prevalência (12,1%) e baixa taxa de remissão espontânea². No Brasil, um estudo estimou prevalência de 11,6% em jovens universitários. Porém, a maioria não busca ajuda profissional por acreditar que se trata de um traço de personalidade (introversão), ao invés de questões de habilidades sociais³.

Sintomas da fobia social

Como o próprio nome sugere, sujeitos com o transtorno de ansiedade social apresentam altos níveis de medo social, vinculados as suas crenças distorcidas sobre o próprio eu². O principal sintoma descrito na literatura é o medo de ser julgado negativamente em público³. Por conta disso, sujeitos com TAS apresentam prejuízos significativos no âmbito social, educacional e em atividades laborais².

Crenças distorcidas

Estudiosos na área sugerem que a ansiedade social está associada com a superestimação do fracasso social, ou seja, o indivíduo teme uma ameaça de forma desproporcional aos perigos reais da situação. A avaliação social distorcida leva a evitação, que até diminui o desconforto no curto prazo, mas que acaba mantendo o medo e a dificuldade nas interações interpessoais – sendo, portanto, a evitação um comportamento disfuncional⁴.

Uma intervenção chave utilizada na Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é a reestruturação cognitiva, que se baseia na reavaliação da situação de uma forma mais realista e adaptativa, a partir do questionamento das crenças distorcidas. Estudos de neuroimagem indicaram maior recrutamento de áreas associadas ao controle cognitivo e atenção após a reestruturação em sujeitos com TAS, além de diminuição nas áreas envolvidas no processamento emocional, especialmente a amígdala².

Sujeitos com TAS apresentam hipervigilância e comportamento evitativo, especialmente em resposta às emoções aversivas.

Técnicas de rastreamento ocular

Na avaliação dos movimentos oculares, participantes evitaram o contato com os olhos em caso de expressão de emoções desagradáveis (como por exemplo, a raiva). Grande parte dos estudos indicam que pacientes com TAS apresentam viés atencional à expressão das emoções aversivas, reconhecendo-as com maior facilidade³.

Tratamento da ansiedade social

Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) e a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) são tratamentos utilizados para o transtorno de ansiedade social⁵,⁶. Ou seja, tratamentos farmacológicos e não farmacológicos têm sido empregados com sucesso no controle da ansiedade social.

Em um estudo, 24 sujeitos com TAS foram divididos de forma randomizada: um grupo teve o tratamento combinado com escitalopram (um ISRS) e TCC, enquanto o outro recebeu tratamento com TCC e placebo, em condições duplo cegas. A partir dos resultados, observaram que ambos os grupos apresentaram melhora significativa da ansiedade social, medida pela Escala de Ansiedade Social de Liebowitz (LSAS), após nove semanas de tratamento⁵.

Ansiedade social e descobertas neurocientíficas

Neurotransmissores envolvidos no transtorno de ansiedade social

Estudos sugerem que neurônios serotoninérgicos modulam a ação dopaminérgica e noradrenérgica no córtex frontal⁷, em que os sistemas serotoninérgico e dopaminérgico estão implicados nos quadros de ansiedade social. Estudos de neuroimagem indicaram, em pacientes com TAS, menor ligação ao receptor serotoninérgico 5HT1A nas regiões límbicas e paralímbicas, evidenciando um possível papel dos receptores serotoninérgicos na neurobiologia do transtorno⁸.

Outras evidências indicam que os transtornos de ansiedade estão relacionados com a hipoatividade das vias serotoninérgicas, além do papel secundário da ativação das vias noradrenérgicas nos sintomas físicos (taquicardia e tremor) e cognitivos (pensamentos catastróficos)⁶.

Pesquisadores identificaram que a elevação nos níveis de serotonina e dopamina no putâmen e no tálamo associou-se com a gravidade dos sintomas dos sujeitos com TAS⁵.

Já estudos de imagem molecular indicaram que o tratamento medicamentoso com ISRS pode provocar efeitos secundários no neurotransmissor dopamina devido às mudanças em sua disponibilidade. Outros estudos também concluíram que a TCC parece afetar os receptores dopaminérgicos D2⁵.

Alterações na amígdala

Sujeitos com transtornos de ansiedade apresentam maior reatividade neural na região da amígdala, que pode ser ajustada a partir do tratamento com TCC. De acordo com o estudo, o volume da massa cinzenta da amígdala, antes do tratamento, foi associado a ansiedade antecipatória e maior resposta autocrítica⁹. Após o tratamento, os pesquisadores indicaram redução no volume da massa cinzenta da amígdala e, logo, redução da ansiedade antecipatória⁹.

Estudos de neuroimagem identificaram que tanto a monoterapia quanto o tratamento combinado diminuem a atividade e conectividade da amígdala diante de uma exposição emocional em sujeitos com TAS⁵. Portanto, tratamentos com TCC e medicamentos (ISRS) apresentaram redução da resposta neural na amígdala⁹.

Em síntese, tanto na intervenção psicológica (TCC) quanto farmacológica há a possibilidade de redução da atividade amigdaliana.

Alterações no córtex pré-frontal dorsomedial

De acordo com os achados, o córtex pré-frontal dorsomedial desempenha um importante papel no processo de regulação emocional. Estudos indicaram que sua maior atividade está relacionada a uma melhor reavaliação cognitiva, tanto em sujeitos saudáveis quanto sujeitos com o transtorno de ansiedade social².

Índices de proteção celular

Os telômeros são estruturas presentes na extremidade dos cromossomos, responsáveis por protegê-los de degradações¹⁰. A telomerase é uma proteína acoplada responsável pela regulação do tamanho dos telômeros. Portanto, sua ausência permite seu encurtamento.

Telômeros mais curtos foram apresentados em casos de transtornos de ansiedade pela literatura⁹. Um estudo investigou os telômeros de 46 sujeitos com TAS antes e após o tratamento com TCC. Os resultados indicaram que a gravidade dos sintomas reduziu significativamente após o tratamento, porém, o tamanho dos telômeros e a atividade da telomerase não sofreram alterações significativas⁹.

Já um estudo sobre a resposta do antidepressivo (ISRS) na telomerase indicou um aumento da atividade da proteína ao longo do tratamento farmacológico⁹.

Outros estudos indicaram que a prática meditativa em indivíduos saudáveis parece estar associada ao aumento da atividade da proteína telomerase, sendo uma intervenção de caráter protetivo. Como intervenções psicológicas são capazes de reduzir o estresse, estas também se apresentam medidas de proteção celular⁹.

Conclusão

Indivíduos com o transtorno de ansiedade social apresentam crenças distorcidas sobre si que perpetuam sua dificuldade de enfrentamento perante situações de exposição social. O medo desproporcional do julgamento resulta em prejuízos tanto no âmbito social, como também no educacional e ocupacional.

Como o transtorno de ansiedade social apresenta alta prevalência e baixas taxas de remissão espontânea, é fundamental que o sujeito com os sintomas busque ajuda profissional qualificada.

Referências e Leitura Complementar:
  1. Hope, D. A; Heimberg, R.G..; Turk, C. L. (2012). Vencendo a ansiedade social com a terapia cognitivo-comportamental [recurso eletrônico]: manual do paciente. Tradução: Ronaldo Cataldo Costa; revisão técnica: Ricardo Wainer. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed. ➞ Ler Artigo
  2. Goldin, P. R., Ziv, M., Jazaieri, H., Hahn, K., Heimberg, R., & Gross, J. J. (2013). Impact of cognitive behavioral therapy for social anxiety disorder on the neural dynamics of cognitive reappraisal of negative self-beliefs: randomized clinical trial. JAMA psychiatry, 70(10), 1048–1056. ➞ Ler Artigo
  3. Claudino, R. G. E., de Lima, L. K. S., de Assis, E. D. B., & Torro, N. (2019). Facial expressions and eye tracking in individuals with social anxiety disorder: a systematic review. Psicologia, reflexao e critica : revista semestral do Departamento de Psicologia da UFRGS, 32(1), 9. ➞ Ler Artigo
  4. Kyron, M. J., Johnson, A., Hyett, M., Moscovitch, D., Wong, Q., Bank, S. R., Erceg-Hurn, D., & McEvoy, P. M. (2023). Concurrent and prospective associations between negative social-evaluative beliefs, safety behaviours, and symptoms during and following cognitive behavioural group therapy for social anxiety disorder. Behaviour research and therapy, 161, 104253. ➞ Ler Artigo
  5. Hjorth, O., Frick, A., Gingnell, M., Engman, J., Björkstrand, J., Faria, V., Alaie, I., Carlbring, P., Andersson, G., Jonasson, M., Lubberink, M., Antoni, G., Reis, M., Wahlstedt, K., Fredrikson, M., & Furmark, T. (2022). Serotonin and dopamine transporter availability in social anxiety disorder after combined treatment with escitalopram and cognitive-behavioral therapy. Translational psychiatry, 12(1), 436. ➞ Ler Artigo
  6. Suzigan, M. S., Santos, L. da R., Rosa, S. A., Caldas, E. R., de Araújo, B. M., Caixeta, F. de C., da Silva, A. A., & Ferreira, M. V. (2024). Neurobiologia dos transtornos de ansiedade. Brazilian Journal of Health Review, 7(1), 6109–6130. ➞ Ler Artigo
  7. Kauer-SantAnna, Márcia et al. O papel do sistema dopaminérgico na fobia social. Brazilian Journal of Psychiatry [online]. 2002, v. 24, n. 1 [Acessado 22 Abril 2024], pp. 50-52. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1516-44462002000100012>. Epub 23 Ago 2002. ISSN 1809-452X. ➞ Ler Artigo
  8. Kostic , V., & Agrela Rodrigues, F. de A. (2023). Neurotransmissores Relacionados A Doenças E Transtornos Mentais. Ciencia Latina Revista Científica Multidisciplinar, 7(5), 2872-2885. ➞ Ler Artigo
  9. Månsson, K. N., Salami, A., Frick, A., Carlbring, P., Andersson, G., Furmark, T., & Boraxbekk, C. J. (2016). Neuroplasticity in response to cognitive behavior therapy for social anxiety disorder. Translational psychiatry, 6(2), e727. ➞ Ler Artigo
  10. Pereira Junior, J. (2008). Estudo dos telômeros em tecido hipocampal de camundongos submetidos a um estresse psicossocial prolongado. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado em 2024-04-22, de www.teses.usp.br. ➞ Ler Artigo

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