O envelhecimento é o maior fator de risco para a maioria das doenças, incluindo câncer, distúrbios cardiovasculares e doenças neurodegenerativas. Evidências emergentes indicam que intervenções que melhoram a saúde metabólica durante o envelhecimento também podem ser eficazes para a saúde cerebral. As intervenções mais robustas são não farmacológicas e incluem restrição calórica e de gorduras saturadas e aumento do exercício aeróbico.
Em humanos, padrões dietéticos como o Mediterrâneo, e do Estudo de Intervenção Geriátrica Finlandesa para Prevenir o Declínio Cognitivo e a Incapacidade (FINGER) e da dieta de Okinawa estão associados a uma melhoria na saúde relacionada à idade e podem reduzir doenças neurodegenerativas, incluindo a demência. Substâncias como rapamicina, metformina e resveratrol atuam em vias de detecção de nutrientes que melhoram a saúde cardiometabólica e diminuem o risco de doenças associadas à idade. Há evidências de que essas substâncias podem reduzir o risco de demência em roedores.
Há um reconhecimento crescente de que melhorar a função metabólica pode ser uma maneira eficaz de otimizar a saúde cerebral durante o envelhecimento. A relação entre envelhecimento, estilo de vida e demência tem sido um tópico de pesquisa crucial. O estudo apontado na referência, conduzido pelo Charles Perkins Centre, Universidade de Sydney, destaca a interseção entre o envelhecimento, as escolhas de estilo de vida e a saúde cerebral. Uma das descobertas mais notáveis foi a associação entre intervenções não farmacológicas, como restrição calórica, aumento do exercício e padrões dietéticos específicos como por exemplo a dieta Mediterrânea, rica em vegetais, frutas, grãos integrais, oleaginosas, peixes e azeite de oliva e a melhoria da saúde cognitiva em idosos.
Dentre as intervenções destacadas, a restrição calórica se destaca como uma estratégia promissora. Estudos em roedores e em modelos experimentais têm demonstrado consistentemente que a restrição calórica pode retardar o declínio cognitivo e reduzir o risco de doenças neurodegenerativas. Essa intervenção não apenas impacta positivamente a saúde metabólica, mas também demonstra uma correlação direta com a saúde cerebral. Além disso, os padrões dietéticos, como a dieta Mediterrânea e o Estudo de Intervenção Geriátrica Finlandesa (FINGER), foram associados a melhorias na saúde relacionada à idade e à redução do risco de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, incluindo a demência. A dieta de Okinawa uma dieta basicamente vegana, conhecida por sua alta longevidade, também se mostrou promissora na manutenção da saúde cerebral em idades avançadas.
Além disso, há uma crescente compreensão do papel do ambiente social e mental na saúde cerebral durante o envelhecimento. A estimulação cognitiva, através de atividades intelectuais desafiadoras e interações sociais significativas, demonstrou ter um impacto positivo na preservação da função cognitiva e na redução do risco de demência. A pesquisa também explorou a importância do exercício físico na saúde cerebral durante o envelhecimento.
O aumento da atividade aeróbica tem sido consistentemente associado a melhorias na função cognitiva e na preservação da saúde do cérebro. A prática regular de exercícios não apenas melhora o fluxo sanguíneo cerebral, fornecendo nutrientes essenciais, mas também promove a neuroplasticidade, auxiliando na formação de novas conexões neurais e na proteção contra danos cerebrais.
As intervenções mencionadas têm mostrado resultados encorajadores em modelos experimentais e em estudos observacionais. No entanto, a tradução desses resultados para a aplicação clínica em humanos demanda pesquisas adicionais, especialmente em ensaios clínicos randomizados e de longo prazo, para avaliar a eficácia, segurança e viabilidade a longo prazo dessas intervenções. E crucial reconhecer que as intervenções estudadas têm sido em sua maioria experimentais e baseadas em modelos animais. A transposição desses resultados para humanos requer mais estudos clínicos robustos e aprofundados para estabelecer a eficácia e a segurança dessas intervenções em contextos do mundo real.
Em conclusão, o estudo ressalta a interconexão entre estilo de vida, envelhecimento e saúde cerebral, destacando a importância de intervenções não farmacológicas na preservação da função cognitiva durante o envelhecimento. Enquanto restrição calórica, padrões dietéticos específicos, exercícios físicos e estímulo cognitivo demonstram promessas na prevenção da demência, a implementação dessas estratégias requer uma abordagem holística e mais pesquisas para validar sua eficácia e aplicabilidade na população em geral. Enquanto a restrição calórica, padrões dietéticos específicos como a dieta Mediterrânea, e certas substâncias como antioxidantes, por exemplo resveratrol, mostram promessas no retardo do declínio cognitivo e na redução do risco de demência, mais pesquisas em humanos são necessárias para validar essas descobertas e traduzi-las em intervenções eficazes para a população.
Referência e Leitura Complementar:
- Wahl, D., Solon-Biet, S. M., Cogger, V. C., Fontana, L., Simpson, S. J., Le Couteur, D. G., & Ribeiro, R. V. (2019). Aging, lifestyle and dementia. Neurobiology of Disease, 130, 104481. ➞ Ler Artigo