Mulheres reagem de forma diferente a imagens negativas em comparação aos homens, diferença que pode ser explicada por peculiaridades sutis na função cerebral. De acordo com os pesquisadores, essa nova descoberta pode explicar muita coisa, como por exemplo a tendência maior do público feminino de sofrer de ansiedade e depressão. As diferenças reacionais foram observadas principalmente no sistema límbico.
O estudo
46 participantes saudáveis, incluindo 25 mulheres, foram submetidos à visualização de imagens e à posterior análise das mesmas. Ao mesmo tempo, a atividade cerebral foi analisada e amostras de sangue foram coletadas para avaliar níveis hormonais, como testosterona e estrógeno.
Resultados: as avaliações mais subjetivas das imagens negativas foram mais comuns entre as mulheres. Níveis mais elevados de testosterona estavam ligados a menor sensibilidade, enquanto valores maiores de hormônios como o estrógeno (independentemente do sexo dos participantes testados) estavam ligados a uma maior sensibilidade.
Um pouco de fisiologia e anatomia
Embora o córtex pré-frontal dorsomedial e amígdala do hemisfério direito tenham sido ativados em ambos os sexos no momento da visualização, a conexão entre essas áreas do cérebro era mais forte nos homens do que nas mulheres; e quanto maior fosse a interação entre a amígdala e o córtex citado, menor era a sensibilidade relatada para as imagens.
A amígdala é uma região do cérebro que funciona como uma espécie de “detector de ameaça”, sendo acionada quando o indivíduo é exposto a imagens de medo ou tristeza, enquanto o córtex pré-frontal dorsomedial está envolvido em processos cognitivos (percepções, emoções, raciocínio, dentre outros) associados às interações sociais.
Stéphane Potvin, um dos responsáveis pelo estudo, revela que “uma ligação mais forte entre essas áreas em homens sugere que eles tenham uma abordagem mais analítica do que emocional para lidar com emoções negativas. É possível que as mulheres tenham uma tendência a se concentrar nos sentimentos gerados por esses estímulos, enquanto que os homens permaneçam mais “passivos” em relação às emoções negativas, procurando analisar os estímulos e suas consequências.”
Em resumo, quanto maior foi a interação entre a amígdala e o córtex pré-frontal dorsomedial, menor foi a sensibilidade, e isso foi mais observado no público masculino.