A causa ou causas do autismo são ainda desconhecidas. Sabe-se, contudo, que tem uma base genética importante. Sobre esta determinante genética seriam acumulados fatores adicionais (do meio interno e/ou envolvente) que eventualmente poderiam levar ao autismo e que seguramente contribuem para a sua expressão.
Está, por outro lado, bem demonstrado que fatores como a relação mãe/bebê ou a educação, não determinam em nada o aparecimento do autismo. Trata-se de uma perturbação global do funcionamento cerebral, que afeta numerosos sistemas e funções, eventualmente com múltiplas causas e que se expressa de formas bastante diversas.
Uma parcela dos autistas será sempre incapaz de gerir de forma autônoma a sua vida, pelo que necessitam, durante toda a vida, do auxílio de terceiros. Estes devem atender à natureza única de cada pessoa com autismo e criar condições que permitam a expressão máxima das capacidades individuais.
Nas décadas de 40 e 50 acreditava-se que a causa do autismo residia nos problemas de interação da criança com os pais e com a família. Várias teorias sem base científica e de inspiração psicanalítica culpavam os pais (em especial as mães) por não saberem dar as devidas respostas afetivas aos seus filhos.
A partir dos anos 60 e com a investigação científica baseada sobretudo em estudos de casos de gêmeos e nas doenças genéticas associadas ao autismo (X Frágil, esclerose tuberosa, fenilcetonúria, neurofibromatose e diversas anomalias cromossômicas) descobriu-se a existência de um fator genético multifatorial e de diversas causas orgânicas relacionadas com a sua origem.
Tais causas são diversas e refletem a diversidade das pessoas com autismo: parecem haver genes candidatos, isto é, uma predisposição para o autismo o que explica a incidência de casos de autismo nos filhos de um mesmo casal. Fatores pré natais (como a rubéola materna e o hipertiroidismo) e natais (como a prematuridade, baixo peso ao nascer, infecções graves neonatais, traumatismo de parto) também podem ter influência no aparecimento das perturbações do espectro do autismo. Existe uma grande ocorrência de epilepsia na população autista (26 a 47%) enquanto na população em geral a incidência é de cerca de 0,5%. Atualmente, alguns investigadores conduzem estudos acerca de anomalias nas estruturas e funções cerebrais das pessoas com autismo.
A seguir, exemplos de doenças envolvidas nos quadros autísticos:
- Infecções pré-natais: rubéola congênita, sífilis congênita, toxoplasmose, citomegaloviroses;
- Hipóxia neonatal (deficiência de oxigênio no cérebro durante o parto);
- Infecções pós-natais: herpes simples;
- Déficits sensoriais: dificuldade visual (degeneração de retina) ou diminuição da audição (hipoacusia) intensa;
- Espasmos infantis: Síndrome de West;
- Doenças degenerativas: Doença de Tay-Sachs;
- Doenças gênicas: fenilcetonúria, esclerose tuberosa, neurofibromatose, Síndromes de Cornélia De Lange, Willians, Moebius, Mucopolissacaridoses, Zunich;
- Alterações cromossômicas: Síndrome de Down ou Síndrome do X frágil (a mais importante das doenças genéticas associadas ao autismo), bem como alterações estruturais expressas por deleções, translocações, cromossomas em anel e outras;
- Intoxicações diversas.
Em suma, não há ligação causal entre atitudes e ações dos pais e o aparecimento das perturbações do espectro autista, como também não se encontra relacionado com a raça, a classe social ou a educação parental.
Fonte: http://cenfocal.drealentejo.pt/trabalhosformandos/ac%E7%E3o7/Trabalho_Final_-_Autismo_Ant%F3nia_Madalena.pdf