Cerca de 90% dos bebês com microcefalia apresentam deficiência intelectual.
Conhece alguma criança com essa condição? Convive com ela? É seu filho ou filha?
A criança com microcefalia e algum grau de deficiência requer muita atenção. Cuidados de higiene pessoal, educação inclusiva em ambiente coletivo e até medicamentos controlados em alguns casos.
As consultas médicas são frequentes.
Há uma sobrecarga financeira para a família e sociedade. Os cuidadores, quando não profissionais contratados, entregam (geralmente com muito carinho) horas do seu dia produtivo.
É claro que o nível de deficiência vai variar caso a caso. E as próprias deficiências associadas à microcefalia dependerão da causa que a gerou.
Além do atraso cognitivo, junto à microcefalia podem ocorrer muitas situações:
- Convulsões
- Cegueira
- Surdez
- Deficiência da fala
- Dificuldades motoras
- Infecções de repetição
- Morte
Um estudo apontou que 10% das crianças com microcefalia apresentam crises epilépticas antes dos 3 meses de idade.
Como impedir que tudo isso aconteça na sua família?
A resposta é simples: informação. Seguida de ações inteligentes.
Daí a importância de conhecer o universo de causas da microcefalia, uma condição que não pode ser curada na grande maioria dos casos (à exceção da causa 19 na segunda parte do artigo).
Por essas e outras, a prevenção se torna ainda mais relevante.
Casos de microcefalia
Antes de 2015, eram registrados por ano no Brasil entre 139 e 175 casos de microcefalia.
O país vive hoje uma epidemia.
Por isso, desde o ano passado, o Ministério da Saúde emite notas informativas semanais.
A última nota dava conta de 7.228 casos notificados. O número inclui fetos, abortos, recém-nascidos e nascidos mortos.
Entre casos investigados e que permanecem sob investigação, já foram confirmados 1.198 casos de microcefalia com alterações sugestivas de infecção no Sistema Nervoso Central.
A região nordeste apresenta mais casos investigados e confirmados: 91%. Pernambuco, Bahia e Paraíba lideram as estatísticas com 667.
Das mortes notificadas, 54 foram associadas a microcefalia e infecções.
Quer se manter atualizado quanto a esses números? Acompanhe os boletins semanais.
O que é microcefalia?
O principal objetivo deste artigo é determinar o que leva o bebê a nascer com o crânio reduzido de tamanho.
A microcefalia é uma condição na qual o perímetro cefálico do recém-nascido é menor ou igual a 31,9 cm nos meninos e 31,5 cm nas meninas.
São muitas as causas? É possível evitá-las?
Se você quer saber a resposta para essas e outras perguntas, continue lendo o artigo. Nele, você vai aprender mais sobre:
- Hábitos do Aedes aegypti
- Probabilidade do Zika vírus causar microcefalia
- O que gatos e cosméticos têm a ver com o cérebro dos bebês
- Relação entre Síndrome de Down e microcefalia
- Importância da alimentação adequada na gestação
- Polêmica das vacinas, inseticidas e mosquitos transgênicos
- Como superar a microcefalia
- Recomendação atual sobre engravidar
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Vamos ao primeiro item da lista.
Zika vírus
Antes de tratar do vírus, vamos conhecer melhor o nosso mosquito teimoso.
As informações a seguir foram validadas pela Fundação Oswaldo Cruz, a mais destacada instituição de ciência e tecnologia em saúde da América Latina.
17 informações úteis e curiosas sobre o Aedes aegypti, o mosquito da Dengue, Chikungunya e Zika:
- Primeiramente, não é o vilão, é a vilã. A fêmea é que pica e transmite as doenças.
- É possível diferenciar fêmeas e machos só de olhar? Sim: as antenas dos machos são mais peludinhas e o tamanho deles é menor.
- Elas atacam principalmente nesses horários: 7h30 às 10h e 15h30 às 19h.
- Ela voa baixo, em média a 1,2 metro de altura. Portanto, proteja as pernas!
- Cerca de 50% das pessoas picadas por mosquitos infectivos desenvolvem algum sinal ou sintoma das doenças.
- Usar meias brancas ajuda? Um pouco, pois o Aedes odeia claridade. Mas por favor, não conte com isso…
- Evitar que o mosquito se prolifere colocando borra de café no pratinho das plantas é algo controverso e sem fundamentação científica sólida.
- Não, ele não curte água suja. O negócio do Aedes é água limpa e parada.
- Em relação às larvas, uma colher de chá de água sanitária para cada litro de água resolve? Em parte, resolve sim.
- Acender vela de andiroba em ambientes fechados afasta temporariamente o mosquito mas não mata.
- O mesmo acontece com o ventilador e o ar-condicionado. A queda de temperatura e umidade afastam o Aedes mas não matam o mosquito.
- Quem toma vitamina B não está imune à picada, mas curiosamente transpira moléculas que repelem o mosquito. Não se anime! Há riscos para o consumo inadequado da vitamina e os efeitos não são tão significativos assim.
- Não é o “sangue doce” que atrai. Eles são sim atraídos por certas pessoas, só que isso tem mais a ver com o cheiro da pele, transpiração e emissão de gás carbônico.
- A luz elétrica também não atrai o Aedes. Eles não tem receptores luminosos. O calor sim! Talvez por conta disso você os veja por aí rodeando as lâmpadas…
- A fêmea não morre após picar. Isso é mito. Para piorar, cada uma delas pode dar origem a cerca de 1500 mosquitinhos.
- O Aedes vive em média 45 dias.
- Por fim, e aquela história de que ele só pica uma única pessoa? Mito também. Já houve relato de um único mosquito ter transmitido dengue para 5 pessoas da mesma família.
Após um raio-x do mosquito, é a vez de compreender melhor o Zika vírus e como ele age no organismo humano.
Zika vírus no Brasil: sintomas, transmissão, gravidade e sua associação com a microcefalia
Assim que um número elevado de casos de microcefalia foi noticiado em Pernambuco, os profissionais de saúde voltaram os olhos para o estado.
No início da investigação, duas ocorrências foram fundamentais para a associar o Zika ao surto de microcefalia em bebês:
- A detecção do genoma do vírus no líquido amniótico de duas gestantes cujos bebês tinham microcefalia, na Paraíba.
- A detecção do vírus em pelo menos 5 casos fatais de fetos e bebês com malformações cerebrais, como a microcefalia, no Rio Grande do Norte e Ceará.
Além disso, muitas grávidas de bebês com a malformação relataram os sintomas da Zika no 1° trimestre.
Se você ainda não está familiarizado…
Sintomas mais comuns da Zika:
- Febre baixa, inferior a 38,5°C
- Olhos vermelhos e sensíveis
- Manchas vermelhas na pele
- Coceira no corpo
- Dor nos músculos e articulações
- Dor de cabeça
- Cansaço físico e mental
Como o Zika é transmitido?
- Picada do mosquito (confirmado)
- Através da placenta (confirmado)
- Relações sexuais (confirmado)
- Transfusão de sangue (suspeita)
- Leite materno (suspeita)
- Saliva (suspeita)
- Urina (suspeita)
Depois de picada, a pessoa demora 3 a 12 dias para apresentar sintomas.
No entanto, você pode ter Zika sem saber. Em cada 5 pessoas, só 1 é sintomática.
Os anticorpos para a infecção costumam ser detectados no 4° dia. Mas a Zika só é descartada se após 12 semanas a sorologia der negativa.
Em muitas situações a infecção passa despercebida. Em outras, traz sérios problemas…
Quando a Zika é grave?
- Quando acontece na gravidez, especialmente no 1° trimestre. Pode ocorrer a microcefalia em 1% dos casos. E ela não é a única ocorrência neurológica: calcificações cerebrais, ventrículos aumentados, ausência de sulcos e giros, comprometimento do nervo óptico…
- Quando ocorre uma sensibilização equivocada do sistema imunológico. Aí o corpo ataca os próprios nervos e provoca paralisias dos pés à cabeça. O quadro é conhecido como Síndrome de Guillain-Barré.
- Quando provoca a destruição do revestimento dos neurônios, no cérebro e na medula espinhal, ocasionando uma grave doença de nome complicado: a Encefalomielite Aguda Disseminada.
- Quando atinge pessoas com problemas imunológicos. O vírus pode exacerbar doenças autoimunes como o Lúpus.
Associação definitiva com a microcefalia
O Zika vírus prefere células nervosas.
Seu contato com essas células pode ser devastador. Pesquisa recente aponta que a infecção pelo Zika é capaz de limitar o desenvolvimento do cérebro em 40%.
Os Estados Unidos, através do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, já confirmaram que o Zika causa mesmo a microcefalia.
A Organização Mundial da Saúde também.
O que vem por aí?
Pessimismo…
A estimativa mais real da infecção Zika nas Américas está entre 500 mil e 1,5 milhão de casos. A grande margem de erro atesta a ineficiência do sistema de vigilância.
Acredita-se que o vírus tenha passado por mutação e ficou ainda mais infeccioso.
A Organização Mundial de Saúde chegou a informar que as vacinas contra o Zika vírus podem não ficar prontas a tempo para combater o atual “surto”.
Há uma grande preocupação com os jogos olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. O governo espera receber 500 mil turistas no período. O risco de uma pandemia é real.
Se o combate ao mosquito Aedes aegypti ou novos remédios não frearem a epidemia de Zika, a Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses estima em 50 a 70 mil casos de microcefalia até 2020.
Otimismo…
Um novo remédio se mostrou promissor para prevenir os danos neurológicos provocados pelo Zika na gravidez. Ainda em fase experimental.
E só.
Conclusão: o cenário não é dos melhores.
A “guerra” está apenas começando.
Rubéola
Assim como acontece com o Zika, o vírus da Rubéola atravessa a placenta, infecta o bebê e provoca microcefalia.
Estima-se que o poder do Rubella virus de causar malformações ultrapasse os 38%.
13 partes do organismo do bebê afetadas pelo vírus da Rubéola durante a gravidez (muitas delas de forma irreversível):
- Coração. A malformação mais comum é a persistência do canal arterial.
- Cérebro. Microcefalia, anencefalia, hidrocefalia, meningite, encefalite, convulsões e calcificações. A deficiência intelectual pode ser mínima ou severa.
- Ouvido. A surdez é o sintoma mais comum e precoce.
- Olhos. A cegueira pode estar associada a problemas na retina, glaucoma, catarata e microftalmia.
- Pele. Um dos sinais mais comuns é o aparecimento de manchas elevadas e avermelhadas, além de pequenos pontos de sangramento.
- Ossos. Deformidades longas podem resultar em cirurgias na infância.
- Dentes. Defeitos dentários.
- Sangue. Anemia, plaquetas baixas e aumento das células da inflamação podem ser detectadas com amostras do sangue umbilical.
- Fígado. O órgão incha devido a inflamação, fibrose e acúmulo de bile.
- Baço. Assim como o fígado, o baço incha em resposta a infecção.
- Rim. Ausência de rins, rim fora do lugar e nefrite.
- Pulmão. Inflamação crônica.
- Intestino. Fístulas e hérnias, além de malformações.
Baixo peso ao nascer, prematuridade e diabetes são outras ocorrências relacionadas à grave Síndrome da Rubéola Congênita.
Cerca de 30% das crianças com a síndrome morrem nos primeiros 4 meses de vida.
Na gestação, quanto mais precoce a infecção, mais graves as consequências:
- Até 11 semanas, o risco é mesmo a Síndrome da Rubéola Congênita, com todas as malformações, sequelas graves e aborto.
- Entre 11 e 18 semanas, predominam a surdez e problemas no desenvolvimento neurológico.
- Após 18 semanas, quase não há consequências.
Situação da Rubéola no Brasil
Entre janeiro de 2010 e maio de 2014, foram notificados e investigados 460 casos suspeitos. A boa notícia é que nenhum deles foi confirmado.
Desde então, não se registraram novos casos da doença no Brasil.
Vacinação é a melhor maneira de prevenir Rubéola nos bebês
A vacina confere cerca de 95% de proteção imunológica após 3 a 5 semanas da aplicação.
Por isso as mulheres devem vacinar e esperar cerca de 1 mês antes de engravidar.
A imunidade dura 15 anos.
Uma polêmica: sendo a vacina feita de vírus vivos atenuados, será que sua aplicação em larga escala poderia ter originado os casos de microcefalia?
A resposta na segunda parte do artigo.
Continue lendo…
HIV
Aproximadamente 13 mil recém-nascidos são expostos ao HIV todo ano no Brasil.
A taxa de transmissão da mãe para o filho, durante a gravidez, sem qualquer tratamento, chega a 25%.
Quando a grávida segue todas as recomendações médicas, a possibilidade de infecção do bebê reduz para menos de 1%.
Daí a importância do pré-natal adequado: a sorologia para o HIV é realizada, além de todas as orientações, medicações e preparo do parto.
A transmissão ocorre na gestação (35%), mas principalmente durante o trabalho de parto (65%).
E mais: a amamentação aumenta o risco em até 22%.
Recomendações para a gestante com HIV:
- Antirretrovirais combinados
- Parto cesáreo
- Não amamentar
Para mais informações relacionadas à prevenção da transmissão vertical, leia o último protocolo sobre a AIDS elaborado pelo Ministério da Saúde.
Microcefalia e AIDS
O HIV é capaz de agredir diretamente o cérebro dos bebês e provocar malformações. A microcefalia é exemplo.
Isso é favorecido sobretudo pela carga viral da mãe e momento da gestação.
Não esquecer: com a imunidade da gestante comprometida pela AIDS, outras infecções oportunistas podem ocorrer e também causar microcefalia.
É o caso da toxoplasmose, a causa 4 que você verá logo mais.
Zika, Rubéola, HIV… têm mais vírus?
A lista continua.
Além desses, a ciência cita o varicela-zóster, herpes e citomegalovírus.
E eles não ficam para trás quando o assunto é prejudicar o cérebro dos bebês.
O citomegalovírus, um dos agentes infecciosos mais comuns na gestação, causa microcefalia em 13% das vezes.
Toxoplasmose
Existem 22,1 milhões de gatos vivendo nos lares brasileiros. 17,7% dos domicílios abrigam pelo menos um.
A toxoplasmose, também conhecida como doença do gato (e você já vai saber o porquê), costuma ser uma infecção discreta no ser humano.
O problema é a gestação e a saúde imunológica de algumas pessoas.
Com sintomas graves, brandos ou ausentes, a toxoplasmose atinge mais de 60% da população no Brasil. É endêmica por aqui.
Os sintomas da toxoplasmose em pessoas com boa imunidade são febre, manchas e dores pelo corpo, cansaço, ínguas disseminadas, lesões na retina e até cegueira.
O microrganismo causador – o protozoário Toxoplasma gondii – se infiltra dentro das células.
Formas de contágio e o inconveniente dos gatos
- Alimentação
- Animais*
- Gravidez
- Transfusão de sangue
- Transplante de órgãos
*Destaque aos gatos, que se infectam ao comer roedores, passarinhos e outros animais contaminados. Eliminado nas fezes, o parasita pode ser ingerido acidentalmente por qualquer um de nós.
Microcefalia e toxoplasmose
Qual a chance de ocorrer malformações cerebrais?
A probabilidade é de 20% nos primeiros 3 meses de gestação.
A transmissão da mãe para o bebê é até maior após o 1° trimestre.
Mas é no início que as consequências realmente assustam: encefalite, malformações, microcefalia, calcificações cerebrais, inflamação nos olhos e aborto.
Como evitar a toxoplasmose na gravidez?
- Pré-natal: saber se a futura mãe está imune à toxoplasmose, por já ter tido a doença antes, irá definir os rumos da gravidez. Um dos exames pré-natais é a própria sorologia para a doença.
- Alimentos: lavar bem frutas, verduras e vegetais e não comer carne crua, mal cozida ou mal passada.
- Animais domésticos: Se você tem um em casa, está esperando um bebê ou pretende engravidar, e nunca teve toxoplasmose antes, cuidado redobrado com a alimentação e higiene, sua e do animal.
Infelizmente, a toxoplasmose continua a ser causa importante de microcefalia em países subdesenvolvidos como o Brasil.
Meningite
Estudos demonstram que algumas bactérias conseguem penetrar a bolsa com líquido amniótico e levar a infecções fulminantes no bebê em formação.
Uma dessas bactérias é o Streptococcus agalactiae. Outras duas são a Escherichia coli e a Listeria monocytogenes.
Em relação ao Streptococcus agalactiae:
- Até 30% das mulheres adultas estão colonizadas por ele.
- 1% dos bebês dessas mães desenvolvem infecções relacionadas.
- Destes, até 10% apresentam meningite precoce.
A transmissão da mãe para o filho é a mais comum. Costuma ocorrer após o início do trabalho de parto ou ruptura da bolsa.
O sistema imunológico ainda frágil do bebê favorece a disseminação das bactérias.
As complicações da meningite podem ser severas no ambiente uterino.
Há risco de danos cerebrais permanentes, microcefalia, convulsões após o nascimento, perda da audição, cegueira, perda da fala, dificuldades de aprendizagem, problemas comportamentais, paralisias e até abortos.
Risco e prevenção da meningite precoce
Se a resposta for sim para qualquer uma dessas perguntas, o risco de meningite se eleva:
- A mãe foi diagnosticada com infecção de urina pelo Streptococcus durante a gestação?
- Há colonização materna pela bactéria entre 35 e 37 semanas de gestação?
- Há história de gravidez anterior com infecção pela mesma bactéria?
- O bebê é prematuro?
- Ele apresenta muito baixo peso (menos que 1500 gramas?)
- A bolsa está ou esteve rota por 18 horas ou mais?
- Há história de asfixia ao nascimento?
- Há história de infecção do líquido amniótico?
- Há história de febre igual ou superior a 38°C?
- A mãe fez uso de drogas ilícitas?
Como evitar que o bebê tenha microcefalia por conta de uma meningite bacteriana?
- Lavar bem as mãos.
- Dieta saudável e atividade física regular, a fim de manter o sistema imunológico forte.
- Tapar a boca ao tossir ou espirrar.
- Evitar alimentos crus: cozinhar bem a carne e não consumir queijos produzidos com leite não pasteurizado.
- Administrar antibióticos com inteligência.
- O cartão vacinal deve estar em dia antes de engravidar.
Para encerrar o assunto bactérias, a sífilis na gestação também é causa de microcefalia.
Álcool
As estatísticas apontam que 55% das mulheres grávidas consomem bebidas alcoólicas. Metade delas é recorrente durante a gestação.
O abuso de bebidas alcoólicas por parte das gestantes pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro e de outras áreas do sistema nervoso fetal.
As disfunções podem ser sutis, complexas, passando pela prematuridade e Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), ou extremamente graves, a ponto de causar o aborto.
Alguns sinais e sintomas da SAF:
- Restrição do crescimento
- Prejuízos intelectuais
- Microcefalia
- Ausência do corpo caloso
- Alterações da face
Considerada a causa adquirida mais comum de deficiência intelectual infantil, a Síndrome Alcoólica Fetal atinge até 10% dos bebês de mães alcoólatras.
No país, são 80 casos por dia de bebês com a síndrome.
Tenha em mente 3 coisas:
- O álcool atravessa facilmente a placenta.
- O fígado do bebê ainda não está preparado para metabolizar o álcool.
- Não há quantidade segura para a ingestão de álcool durante a gravidez.
Uma única dose de álcool é capaz de acelerar o coração do bebê em formação e alterar seu funcionamento cerebral.
Além de uma série de deficiências físicas, comportamentais e cognitivas na infância, há prejuízo social persistente ao longo da vida.
O álcool é importante causa evitável de microcefalia.
E geralmente ele vem acompanhado…
Cigarro
Das quase 5 mil substâncias presentes no cigarro, 2 estariam mais relacionadas a alterações neurológicas no bebê em formação: nicotina e monóxido de carbono.
Um estudo norte-americano com mais de 6 milhões de recém-nascidos encontrou associação significativa entre tabagismo e microcefalia.
Os efeitos da fumaça sobre os vasos sanguíneos cerebrais provocariam anomalias no cérebro em desenvolvimento.
Apesar disso, 80% das mulheres fumantes mantêm o hábito enquanto grávidas.
Elas definitivamente desconhecem ou ignoram que:
- Os bebês de mulheres fumantes pesam em média 200 gramas a menos.
- O consumo de cigarros por mulheres grávidas aumenta em 2 vezes o risco de baixo peso ao nascimento e quase em 3 vezes a restrição do crescimento fetal.
- O risco do bebê desenvolver meningite é 3 vezes maior se a mãe fumou durante a gestação.
Os problemas reprodutivos decorrentes do tabagismo são inúmeros, como a baixa fertilidade, a prematuridade e os abortos.
E não param por aí. A exposição ao tabaco antes e após o nascimento faz com que as crianças sejam 2 vezes mais medrosas, desobedientes ou agressivas.
A boa notícia: gestantes que param de fumar no início da gestação geralmente não vivenciam os problemas acima relacionados ao cigarro.
Drogas ilícitas
Estudo de São Paulo analisou fios de cabelos de adolescentes grávidas e descobriu que 4% delas usavam maconha e 1,7% cocaína.
Em Porto Alegre, uma pesquisa mais consistente concluiu que a exposição pré-natal dos bebês à cocaína era ainda maior: 4,6%.
Os índices são consideráveis. Faça as contas.
No Brasil, cerca de 3 milhões de mulheres engravidam todo ano.
No pior dos cenários, são mais de 100 mil bebês expostos à cocaína.
Cocaína, gravidez e microcefalia: entenda como a droga faz o cérebro crescer pouco
A cocaína é conhecida por seu potente efeito estimulante sobre o cérebro.
Outro de seus efeitos, no entanto, é a redução do calibre dos vasos sanguíneos cerebrais. O quadro é temporário, porém significativo.
Para o bebê em formação, o estreitamento desses vasos representa enorme risco. Faltam nutrientes e oxigênio, o que favorece as malformações.
O cenário pode ser o mais grave: descolamento prematuro da placenta, microcefalia e abortos.
A cocaína aumenta o risco de parto prematuro. E bebês prematuros são frequentemente de baixo peso.
Nessas condições, a taxa de mortalidade é maior também após o nascimento.
Outros problemas funcionais como deficiência intelectual e dificuldade de aprendizagem são descritos.
Informações científicas de valor:
- O organismo do bebê leva mais tempo para eliminar a droga.
- O risco para o bebê é maior durante o 2° e 3° trimestres gestacionais, principalmente se a cocaína for injetada.
- A cocaína aparece no leite materno, o que torna a amamentação imprópria.
Só há um jeito de prevenir a microcefalia e todos os problemas decorrentes do uso da cocaína na gravidez
Não usar.
Não se conhece uma quantidade de cocaína segura durante a gravidez. Então, o consumo é totalmente desaconselhado.
Pode ser necessário o suporte de especialistas.
A psicoterapia é útil.
Um alerta: a cocaína não é a única droga ilícita capaz de causar microcefalia. Alguns derivados do ópio, como a heroína, também.
Apesar de não associada a malformações cerebrais e microcefalia, a maconha altera o desenvolvimento dos neurônios no cérebro em formação.
Se utilizada pela mulher grávida, o filho terá mais chances de apresentar doenças neuropsiquiátricas na vida adulta.
Desnutrição
A alimentação tem um papel central no desenvolvimento do cérebro. Logo, a desnutrição exerce profundo impacto negativo na formação das estruturas e funções cerebrais.
Estamos falando da carência de elementos essenciais ao organismo da gestante e, consequentemente, do bebê.
Gravidez, desejo por alimentos e necessidade real de nutrientes
3 coisas explicam o desejo alimentar das grávidas:
- As emoções
- Os hormônios
- A falta de nutrientes
Os elementos necessários para a mãe se somam aos exigidos pelo bebê. Isso determina uma mudança no conceito de alimentação adequada na gestação.
A necessidade de vitamina A aumenta 10% durante a gravidez.
A de vitamina C, 13%.
As vitaminas do complexo B, tiamina, riboflavina, vitamina B6, niacina e cobalamina (B12), têm suas necessidades aumentadas em até 40%.
A necessidade de folato é 50% maior.
A gestantes precisam em média de 27 mg de ferro todos os dias. Um aumento de mais de 30%.
Há um aumento de 38% nas necessidades diárias de zinco.
De 48% nas necessidades de iodo.
E 10% nas de selênio.
A necessidade de proteínas durante a gestação passa de 50 para 60 gramas diárias.
Em linhas gerais, o gasto energético aumenta 14% durante a gestação, o que representa algo em torno de 2500 kcal por dia.
De que forma não atender a essas exigências pode comprometer o cérebro do bebê?
O problema é sério.
A vitamina C participa da primeira linha de defesa antioxidante do organismo. O estresse oxidativo está envolvido em transtornos neurológicos.
No caso da vitamina A, tanto a carência como o excesso podem ser prejudiciais. O risco de malformações é elevado com doses excessivas.
Baixas concentrações de ácido fólico na dieta estão associadas a partos prematuros, baixo peso ao nascer e prejuízo do crescimento.
A suplementação com 0,4 mg de ácido fólico, 3 meses antes da concepção até a 12ª semana da gestação, previne falhas no sistema nervoso. Previne a microcefalia.
A carência de ferro está associada a produção deficiente de neurotransmissores. Há prejuízo também na formação da bainha de mielina, o revestimento dos neurônios.
A deficiência de zinco pode ocasionar aborto, prematuridade, morte precoce ao nascimento, inibição do crescimento, inúmeras malformações e aberrações cromossômicas.
O hipotireoidismo resultante de uma dieta pobre em iodo pode comprometer o desenvolvimento cerebral.
Por fim, a deficiência de selênio prejudica o metabolismo da glicose. Taxas elevadas de glicose no sangue também estão relacionadas a anomalias cerebrais.
Entenda porque o acompanhamento nutricional deve ocorrer antes mesmo da concepção
Mulheres que iniciam a gravidez com peso inferior a 50 kg apresentam maior risco de gerar crianças com baixo peso.
O baixo ganho de peso durante a gestação é fator de risco para a ocorrência de defeitos no sistema nervoso.
Evidências mostram que a desnutrição da gestante é capaz de influenciar o desempenho cognitivo do filho por toda a vida.
Desnutrição afeta bilhões
Ao todo, nos países em desenvolvimento, cerca de 1,1 bilhão de mulheres e 96 milhões de gestantes têm anemia.
Apesar do número já reduzido em 50%, ainda há cerca de 60 mil crianças brasileiras menores de 1 ano desnutridas.
O número de crianças com problemas de aprendizagem, concentração e memória, por conta de uma dieta insuficiente da mãe, é subestimado.
Para finalizar, colabore com a disseminação de informações preciosas.
5 frases para você refletir e tweetar…
- (tweetar) A desnutrição é um importante indicador de pobreza. Um país com alta taxa de desnutridos é um país burro e pobre.
- (tweetar) A desnutrição afeta todos os sistemas e órgãos da criança, especialmente o cérebro.
- (tweetar) A desnutrição deixa sequelas emocionais e cognitivas. Crianças desnutridas têm pior memória, vocabulário restrito e sofrem mais de ansiedade.
- (tweetar) Crianças desnutridas têm mais dificuldade para aprender a falar.
- (tweetar) Ter uma dieta saudável pode ser a diferença entre ter um filho saudável ou não.
Falta de oxigênio
A falta de oxigênio afeta o bebê na gestação, no trabalho de parto, durante e após o nascimento.
O risco de asfixia ao nascimento é maior. A vida fora do útero exige adaptações rápidas na circulação do sangue entre pulmões e coração.
O organismo do bebê sofre com a ausência de oxigênio:
- O sangue fica mais ácido.
- O coração não bate direito.
- Os órgãos, especialmente o cérebro, recebem menos oxigênio.
- Lesões celulares começam a ocorrer por todo o organismo.
23 causas de hipóxia (falta de oxigênio) durante e imediatamente após a gravidez que comprometem o desenvolvimento neurológico do bebê:
- Diabetes
- Hipertensão arterial
- Doença cardíaca
- Doença pulmonar
- Asfixia materna
- Convulsão
- Eclâmpsia ou pré-eclâmpsia
- Infecção
- Incompatibilidade Rh
- Placenta muito baixa
- Descolamento prematuro da placenta
- Posicionamento anormal do bebê
- Excesso de líquido amniótico
- Feto grande para a idade gestacional
- Presença de gêmeos
- Compressão do cordão umbilical
- Cordão umbilical enrolado no pescoço
- Anemia
- Hemorragia
- Ruptura prematura da bolsa
- Prematuridade
- Pós-maturidade
- Sedativo em excesso
O recém-nascido é mais resistente à hipóxia que o adulto.
Mesmo assim, a asfixia grave é sentença de morte para muitos neurônios.
Dos bebês que sofrem asfixia, mais de 30% não resistem ou ficam com sequelas cerebrais.
Relação entre hemorragia cerebral e falta de oxigênio
Na falta de oxigênio, o organismo do bebê aumenta a irrigação de sangue para o cérebro.
Quando isso acontece, os vasos sanguíneos cerebrais ainda frágeis podem se romper.
Relação entre falta de oxigênio e microcefalia
É simples.
O cérebro precisa de 20% do oxigênio que circula.
Se essa quantidade não for obtida, os neurônios literalmente sofrem.
O cérebro não cresce nem desenvolve.
E a microcefalia é uma das consequências.
Quer saber mais sobre os efeitos da falta de oxigênio na gravidez? Dê uma olhada nas 3 conclusões de estudos a seguir.
Um estudo constatou que a asfixia ao nascimento aumentou em 26% o risco para o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, o TDAH.
A apneia do sono em grávidas, doença que priva o bebê de oxigênio, aumenta o risco futuro para ele de doenças metabólicas.
Há uma esperança para os bebês que sofreram com a falta de oxigênio: pode ser que ela não seja tão fatal assim para os neurônios.
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Síndrome de Down
Certas doenças genéticas podem causar microcefalia.
- Síndrome de Rett;
- Síndrome de West;
- Síndrome de Edwards;
- Síndrome de Cornelia de Lange;
- Síndrome Cri du chat;
- Síndrome de Rubinstein-Taybi;
- Síndrome de Seckel;
- Síndrome de Smith-Lemli-Opitz;
- Síndrome de Down.
Sobre esta última, são 8 mil novos casos por ano só no Brasil.
É a principal causa de deficiência intelectual na população.
Outros números da Síndrome de Down:
- 50% nascem com doenças no coração.
- Até 70% não escutam normalmente.
- 100% têm flacidez muscular.
- Até 50% têm problemas para enxergar.
- 15% possuem doenças da tireoide.
- Até 10% têm a coluna cervical comprometida.
- 2% desenvolvem leucemia aguda.
- Até 10% apresentam problemas neurológicos.
- 75% dos idosos com Down têm Alzheimer.
A possibilidade de nascer uma criança com Down aumenta muito com a idade da mãe:
- 20 anos: 1 bebê em 1500.
- 35 anos: 1 bebê em 380.
- 45 anos: quase 1 bebê em 28.
Eles sofrem com o envelhecimento precoce e são mais obesos que a população geral.
No entanto, quando recebem atenção e são estimulados adequadamente, os indivíduos com Down têm potencial para uma vida saudável e plena inclusão na sociedade.
No contexto microcefalia e Síndrome de Down, o peso do cérebro está reduzido e há uma simplificação do padrão de sulcos e giros.
Ainda sobre doenças genéticas que comprometem o desenvolvimento do cérebro, algumas delas afetam o metabolismo. É o caso da fenilcetonúria, a seguir…
Doenças do metabolismo
Já ouviu falar no teste do pezinho?
A grande maioria já passou por ele. E provavelmente não se lembra, assim como você.
O teste consiste em coletar algumas gotas de sangue do pezinho do bebê, e analisar.
Principais doenças investigadas no teste do pezinho:
- Fibrose cística, que leva a infecções e outros problemas pulmonares.
- Galactosemia, que pode causar insuficiência do fígado e dos rins.
- Deficiência de G6PD (glicose-6-fosfato desidrogenase), associada a anemias graves.
- Deficiência de biotinidase, que interfere no desenvolvimento neurológico e provoca convulsões.
- Toxoplasmose, comentada no início do artigo.
- Fenilcetonúria, que iremos discutir agora.
A fenilcetonúria é uma doença genética do metabolismo.
Estudo realizado no Sul do país indica um caso para cada 12.000 nascimentos.
A fenilalanina, aminoácido comum encontrado nos alimentos, é transformada em toxina que se acumula no cérebro.
As estatísticas a seguir sobre a fenilcetonúria são conhecidas há décadas:
- 92% dos bebês não tratados têm deficiência intelectual.
- 12% com malformações do coração.
- 40% com baixo peso ao nascer.
- 73% com microcefalia.
A microcefalia não ocorre isoladamente.
No cérebro, o corpo caloso é rudimentar.
As extremidades da coluna vertebral e o esôfago podem ser malformados.
A face costuma ser arredondada com olhos amplos, distantes e estrábicos. A região entre os olhos é proeminente e o céu da boca estreito.
O comportamento também é típico: hiperatividade, irritabilidade, convulsões na infância e atraso do desenvolvimento.
Tratar a fenilcetonúria e prevenir a microcefalia
Objetivo: restringir a fenilalanina da dieta e substituir os alimentos de origem animal por verduras e frutas.
No entanto, o consumo de fenilalanina não deve ser totalmente evitado, uma vez que o aminoácido é importante para a síntese de proteínas essenciais, como a insulina.
A próxima causa de microcefalia também tem a ver com o metabolismo…
Diabetes
O diabetes gestacional é uma alteração no metabolismo dos carboidratos durante a gestação.
Determina um aumento variável da glicose no sangue, que pode ou não persistir após o parto.
É o problema metabólico mais comum na gravidez. Atinge cerca de 8% das gestantes com mais de 20 anos.
O que causa diabetes na gravidez?
Em uma gravidez normal, o pâncreas aumenta a liberação de insulina em cerca de 1,5 a 2,5 vezes para controlar os níveis de glicose na corrente sanguínea.
Se as células pancreáticas não conseguem produzir a demanda de insulina, o diabetes gestacional pode ocorrer.
Estou grávida! Como saber se estou diabética?
Seguindo as novas Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, um exame denominado glicemia de jejum é solicitado na primeira consulta pré-natal.
- Cenário 1 (resultado for menor que 92 mg/dl): acompanhar e repetir o exame com 24-28 semanas de gestação.
- Cenário 2 (resultado for maior ou igual a 92 mg/dl): diagnóstico de diabetes gestacional e necessidade de confirmar com novo exame.
- Cenário 3 (resultado for maior ou igual a 126 mg/dl): diabetes pré-existente, e também necessidade de confirmar com segundo exame.
13 fatores de risco para desenvolver diabetes na gravidez segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes:
- Mãe com 35 anos de idade ou mais.
- Ganho de peso excessivo durante a gravidez.
- Sobrepeso ou obesidade.
- Sedentarismo.
- Altura menor que 1,5 metro.
- História prévia de bebês grandes (mais de 4 kg).
- História de diabetes em outra gestação.
- História de diabetes em parentes de 1° grau (pais e irmãos).
- História de malformações e aborto.
- Hipertensão arterial na gravidez.
- Síndrome dos ovários policísticos.
- Excesso de líquido amniótico (polidrâmnio).
- Gravidez de gêmeos.
Diabetes e microcefalia
A gestação da grávida com diabetes é de risco.
Durante o pré-natal, ações devem ser tomadas para evitar as complicações de um metabolismo ineficiente dos açúcares.
O risco de malformações chega a 10%. O cérebro é um dos alvos:
- Holoprosencefalia. Ausência da parte frontal do cérebro.
- Anencefalia. Ausência de partes do encéfalo e do crânio.
- Microcefalia. Diminuição do crânio e do cérebro.
Bebês de mães diabéticas correm maior risco de macrossomia (peso maior ou igual a 4 kg ao nascimento), de dificuldade respiratória, hipoglicemia e insuficiência cardíaca.
O diabetes gestacional, por conta do tamanho dos bebês, aumenta o índice de traumatismo no parto. Além da ruptura prematura da bolsa e prematuridade.
Todo esse cenário, direta ou indiretamente, é favorável a ocorrência de microcefalia.
E a médio, longo prazo? Há outros prejuízos neurológicos?
- Surdez
- Alteração na fala
- Dificuldade na leitura
- Prejuízo psicológico e intelectual
- Convulsão
- Paralisia cerebral
Tratamento do diabetes gestacional e um novo argumento para não adiar tanto ter filhos
O tratamento se baseia no tripé:
- Dieta adequada
- Prevenção do ganho de peso excessivo
- Insulina
Recomendação importante:
Assim como ocorre na Síndrome de Down, o risco de diabetes na gravidez é maior quando a mãe apresenta idade avançada.
A gravidez em adultas jovens é mais saudável: óvulos de qualidade, menos falhas genéticas e abortamentos precoces.
Isso vai de contramão à tendência atual de ter filhos cada vez mais tarde. E você, o que pensa a respeito?
“Estabilizar” primeiro a sua vida, mesmo que isso demore 10, 15 anos, e assumir tantos riscos para o cérebro do seu bebê?
Metais pesados
Lembra da química?
Na tabela periódica, todos os elementos situados entre o cobre e o chumbo são considerados metais pesados.
E o que isso tem a ver com microcefalia?
Os metais pesados podem funcionar como verdadeiros “venenos” para a mãe e o cérebro do bebê.
Especialmente 3 deles: o cobre, o mercúrio e o chumbo.
Intoxicação pelo cobre
O cobre foi reconhecido como essencial para o organismo em 1928.
As complicações relacionadas ao cobre acontecem tanto pela carência como pelo seu excesso.
Já ouviu falar na Doença de Wilson?
É uma doença hereditária na qual as células não metabolizam direito o cobre.
O metal se acumula no organismo, especialmente fígado, cérebro, rins e córnea.
O problema aumenta quando a pessoa afetada pela Doença de Wilson é uma mulher grávida. Caso não seja acompanhada e tratada, seu bebê pode apresentar sérias malformações cerebrais.
A microcefalia é uma delas.
Intoxicação pelo mercúrio
O mercúrio é encontrado na indústria de produtos agrícolas, petróleo, joias, cosméticos, perfumes, eletroeletrônicos, papel, termômetros, lâmpadas, medicamentos, espelhos, detonadores e corantes.
Aproximadamente 90 profissões estariam expostas ao mercúrio.
A exposição se dá:
- Por inalação de vapores invisíveis desprendidos do metal
- Através da pele
- Por ingestão
80% dos casos de envenenamento são por inalação.
A utilização de peixes e crustáceos contaminados é uma das principais fontes de ingestão do metal.
O mercúrio é tóxico para as células e atravessa a barreira placentária.
Pode ter efeitos desastrosos sobre o sistema nervoso, que vão desde lesões leves até microcefalia em bebês, vida vegetativa e morte.
Ficam as dicas:
- Evitar manusear diretamente o metal.
- Evitar o consumo dos frutos do mar mais capazes de acumular esse metal, principalmente as espécies carnívoras, como tubarão, peixe espada, cavala, filé de atum, cação e arenque.
- Avaliar com o dentista a possibilidade da substituição do amálgama por outro produto.
- Preferir alimentos orgânicos.
Chumbo e sistema nervoso
A intoxicação pelo chumbo é chamada saturnismo.
O chumbo não apresenta nenhuma função essencial no corpo humano, além de ser extremamente danoso quando absorvido pelo organismo através da comida, ar e água.
Bebês intoxicados durante a gestação podem apresentar malformações, deficiência intelectual, convulsão e até morte.
A criança que sobrevive é candidata a sérios problemas de comportamento e aprendizagem.
Risco de exposição aos metais pesados é real e atual
Você deve ter pensado: se eu não trabalho com esses metais, não há com o que me preocupar…
Sinto dizer que você está enganado(a).
Lembra da tragédia de Mariana em novembro?
A análise da água do Rio Doce apontou altas concentrações de metais pesados. O chumbo era um deles.
Se o descaso continuar, não só a água, mas alimentos provenientes da agricultura, pesca e pecuária às margens do rio poderão em breve alcançar a sua mesa.
E o futuro das pessoas expostas, como vimos, não reserva muita coisa boa.
Exagero?
A história não deixa mentir com o famoso caso de intoxicação por mercúrio ocorrido em Mianmata no Japão.
Radiação
A radiação preocupa sobretudo as mulheres grávidas, já que o bebê em formação carregado por ela é particularmente sensível à radiação.
Há o risco da radiação alterar o DNA fetal, mais do que no adulto.
Os efeitos durante a gravidez são basicamente 4:
- Tumores (efeito carcinogênico)
- Distúrbios do crescimento e desenvolvimento
- Malformações (efeito teratogênico)
- Morte
As malformações podem ser variadas e dependem sobretudo da semana de gestação e da dose efetiva de radiação.
Para o bebê, são apontadas 3 fases de maior susceptibilidade aos efeitos da radiação:
- Primeiras duas semanas, período crítico caracterizado pelo maior risco de aborto;
- Entre a 3ª e 8ª semana de gestação, quando se inicia a formação dos órgãos;
- Entre a 8ª e 15ª semana de gestação, período em que se forma o cérebro e outras partes do Sistema Nervoso Central.
Importante: é entre a 8ª e 15ª semana de gestação que há o risco de microcefalia.
10 fatos curiosos sobre a radiação que você provavelmente desconhece:
- Todos os seres vivos sofrem ação da radiação ionizante presente no ambiente, como a do gás radônio encontrado em nossas casas e a proveniente dos raios cósmicos.
- A radiação de fundo, como é chamada, é maior nos países industrializados.
- Uma única tomografia de crânio, exame que corresponde à carga radioativa de 100 radiografias simples, equivale a mais de 3 anos de exposição à radiação de fundo.
- Os exames radiológicos, de uma maneira geral, expõem o embrião a doses baixas de radiação, inferiores a 50 mGy.
- A radioterapia não representa risco aumentado para o bebê desde que o câncer materno esteja localizado fora do abdome e pelve, e sejam tomadas as medidas de proteção.
- A ressonância magnética é isenta de riscos radioativos, assim como o ultrassom.
- Nos Estados Unidos, que possui mais de 3 vezes o número de tomógrafos do Brasil, foram estimados em mais de 100 milhões o número de tomografias realizadas só no ano de 2010.
- A exposição a doses de radiação inferiores a 150 mGy não se associa a risco aumentado de aborto, malformações, deficiência intelectual ou morte após o nascimento.
- O risco de microcefalia é de 0,4% para uma exposição de 10 mGy, semelhante ao risco natural.
- A interrupção da gravidez é considerada com mais ênfase quando a dose de radiação for superior a 250 mGy.
Não existem radiografias que exponham o bebê a níveis tão altos de radiação. Mas em uma eventual combinação de exames, o chamado efeito cumulativo…
Por isso, o risco de microcefalia relacionado a radiação é mínimo mas existe. E medidas efetivas de segurança são recomendadas:
- Prescrição acertada dos exames.
- Optar por exames mais seguros.
- Adotar medidas de proteção se os exames radiológicos forem indispensáveis.
- Conversar abertamente com o médico para esclarecimentos.
Vale ressaltar, por fim, situações extraordinárias onde a radiação pode atentar contra o cérebro dos bebês. É o caso da detonação de armas nucleares e acidentes em usinas.
Medicamentos
Depois da tragédia da talidomida nos anos 60, o mundo resolveu olhar com outros olhos para a utilização de medicamentos durante a gravidez.
Na ocasião, cerca de 10 mil bebês nasceram malformados.
De acordo com a Food and Drug Administration (FDA), os medicamentos classificados com risco D ou X são proibidos na gestação. Podem causar ou de fato causam aborto e malformações.
Devido a ausência de estudos em mulheres grávidas, os medicamentos de risco B e C são desaconselhados para as gestantes.
Apenas os medicamentos com risco A estão liberados na gestação.
Medicalização da gestação
Há prescrição de medicamentos em 3 de cada 5 consultas pré-natais.
Os mais prescritos? Medicamentos para o tratamento da anemia: 34,9%.
Para deixar você de cabelo em pé…
Do total de medicamentos prescritos na gravidez, 26% são da categoria C de risco ao feto, 1,5% da categoria D e 1,5% da categoria X.
Desconhecimento? Má formação do profissional médico? Negligência?
Confira alguns medicamentos potencialmente envolvidos em riscos para o bebê.
9 tipos de medicamentos perigosos durante a gravidez devido ao risco de malformações e/ou microcefalia:
- Medicamentos para Epilepsia (classe D): Fenobarbital, Carbamazepina, Fenitoína, Valproato. Todos os antiepilépticos podem causar malformação da face, influenciar negativamente o peso corporal, a altura e o perímetro cefálico, além do desenvolvimento cognitivo. O risco é maior se for usado mais de um.
- Medicamentos para Hipertensão Arterial (classes B e D): Captopril e Enalapril, por exemplo, podem causar problemas no crânio, deficiências faciais, atraso do crescimento intrauterino, prematuridade e morte. Os diuréticos tiazídicos, como a Hidroclorotiazida, aumentam o risco de defeitos congênitos, assim como o Candesartan.
- Estatinas (classe X): Sinvastatina e Atorvastatina alteram o metabolismo do colesterol, prejudicam a formação das membranas celulares e causam danos fetais.
- Quimioterápicos (classes D e X): os medicamentos para o tratamento do câncer, como a Ciclofosfamida, Metotrexato, Vincristina e Tamoxifeno foram associados a diversas malformações. Recomenda-se não engravidar durante pelo menos 3 meses após administração a homens ou mulheres.
- Anticoagulantes (classes D e X): a Varfarina foi associada a problemas nas cartilagens, malformações neurológicas, hemorragia, baixo peso ao nascimento e morte. Evitar, se possível, durante toda a gravidez. Especialmente até a 6ª semana.
- Medicamentos para Diabetes (classe C): um dos medicamentos utilizado no tratamento do diabetes, a Clorpropamida, é contra-indicado na gestação por riscos ao bebê, inclusive microcefalia.
- Medicamentos para Infertilidade (classe X): o Clomifeno é contra-indicado por uma série de malformações, defeitos de pigmentação e microcefalia.
- Medicamentos para Malária (classe D): a Cloroquina também foi associada a múltiplas malformações.
- Medicamentos para Hepatite (classe X): A Ribavirina se mostrou tóxica aos embriões e com potencial teratogênico em roedores. Malformações no crânio, palato, olho, queixo, membros, esqueleto e trato gastrintestinal.
Nem pense em tomar remédios por conta própria. Especialmente na gravidez.
Siga as orientações do médico e leia a bula.
Antes que eu me esqueça, existe um medicamento derivado da vitamina A que promete manter a beleza e cuidar da estética feminina como nenhum outro.
O assunto merece um tópico separado…
Cosméticos
O Brasil é o 3° país que mais consome cosméticos no mundo. Perde apenas para os Estados Unidos e Japão.
A estatística é influenciada pelas mulheres grávidas: a pele delas está sujeita a intensas alterações hormonais.
Mais de 90% das gestantes relatam modificações no corpo relacionadas à gravidez:
- Manchas
- Varizes
- Estrias
- Hiperpigmentação
- Acne
- Queda ou aumento da quantidade de pelos
- Unhas fracas
A elevação de alguns hormônios provoca alterações pigmentares em até 90% das grávidas. Os melasmas são as mais frequentes.
Outro sinal cuja incidência chega aos 90% é a estria.
Diante de todas essas ocorrências dermatológicas, as estatísticas a seguir não surpreendem:
- Mais de 60% das mulheres usam filtro solar sem orientação médica.
- 80% das mulheres utilizam perfumes durante a gravidez, e quase 95% delas não têm a indicação de um médico na escolha do produto.
- 78% das mulheres utilizam hidratantes durante a gestação, mas só 30% faz uso de hidratante prescrito por médico.
Aí que mora o problema…
Muitos desses produtos contém substâncias inapropriadas e de uso restrito.
De acordo com a Anvisa, três substâncias são proibidas quando o assunto é cosméticos para gestantes e mulheres que amamentam: cânfora, ureia acima de 3% e chumbo.
Todas muito utilizadas em cremes para pernas e pés, hidratantes corporais e coloração.
A toxicidade depende da dose e tempo de exposição. Podem prejudicar a formação, o crescimento do bebê e interferir no metabolismo.
Outros especialistas vão além e também recomendam restrições para:
- Ácido salicílico
- Ácido glicólico em concentração maior que 10%
- Filtros solares com metoxicinamato
- Conservante parabeno, encontrado em desodorantes, maquiagem e xampu
- Sprays fixadores e esmalte com fitalato
- Nutracêuticos
- Hidroquinona
Se você tiver juízo, fará 2 coisas: vai conversar com seu médico e vai ler com atenção o rótulo do produto que pretende usar.
Pele da mãe, saúde do bebê… qual vai ficar perfeita?
Há mais de 3 décadas, a descoberta de algumas propriedades dos derivados da vitamina A (retinoides) revolucionou o tratamento cosmético.
Oleosidade, espinhas, celulite e gordura localizada.
Se você utiliza produtos para combater esses quatro vilões, dê uma conferida rápida no rótulo. Aparecem por lá nomes como tretinoína, adapaleno ou isotretinoína?
Não há estudos conclusivos sobre a segurança dessas substâncias, mas você deve evitá-las.
A tretinoína foi classificada pela FDA como risco C em relação à gravidez. Ou seja, o risco não pode ser afastado.
Foi associada a ausência de orelha, paralisia do nervo facial, defeitos cerebrais, deficiência intelectual, hidrocefalia, microcefalia, malformação do nervo óptico, microftalmia, defeitos na retina, malformações na coluna, fígado, coração…
A deficiência intelectual ocorre em até 15% dos bebês afetados.
Traumatismos
Uma causa eventual de microcefalia é o traumatismo.
Estão envolvidos tanto os traumatismos sofridos pela mãe na gravidez como os traumas do bebê durante o parto.
O trauma relacionado ao trabalho de parto recebe o nome de tocotraumatismo.
8% das mortes de recém-nascidos a termo estão relacionadas a tocotraumatismos.
Quais as consequências?
O trauma grave na cabeça do bebê provoca alterações do ambiente intracraniano.
O cérebro incha, o que compromete a circulação de sangue, nutrição e oxigenação. O fenômeno é conhecido como sofrimento fetal.
Outras lesões podem causar o mesmo tipo de sofrimento para o feto. É o caso dos hematomas cerebrais volumosos e das fraturas cranianas com afundamento.
Apesar de raros, mesmo em cesáreas e partos normais complicados, traumatismos cranianos graves podem prejudicar o cérebro do bebê, causar sequelas e microcefalia.
Alterações do crânio
Você se surpreenderia se eu dissesse que o crânio não é formado por um único osso, mas por vários que se emendam, em uma espécie de quebra-cabeças?
3 verdades sobre o crescimento do cérebro:
- O período de maior desenvolvimento do cérebro é a gestação seguida pelos primeiros 18 meses de vida. Aprimore seus conhecimentos com o artigo que trata dos períodos mais sensíveis do desenvolvimento cerebral.
- Ao longo de 9 meses, uma única célula produz mais de 86 bilhões de neurônios e um cérebro que pesa cerca de 400 gramas quando o bebê nasce.
- À medida que a criança aprende a andar e falar, seu cérebro continua a crescer e alcança 1.200 gramas aos 4 anos de idade, 85% do peso de um cérebro adulto.
5 verdades sobre o crescimento do crânio:
- A expansão do crânio depende da pressão que o cérebro em crescimento exerce, de dentro para fora.
- Com uma fita métrica, o pediatra acompanha o crescimento do crânio e, indiretamente, do cérebro.
- Normalmente, a circunferência craniana aumenta 12 cm no 1° ano.
- A moleira, ou fontanela, é o espaço maior entre os ossos que ainda não se fundiram. As demais linhas que separam os ossos são as suturas.
- Todas as fontanelas devem estar fechadas dos 9 aos 18 meses de idade.
O que acontece quando os ossos que formam o crânio do bebê se fundem antes da hora?
Aí está a única causa reversível de microcefalia: a cranioestenose.
Existe um propósito para os ossos do crânio serem inicialmente separados:
- Favorecer o crescimento do cérebro e outras partes do encéfalo.
- Permitir o parto normal.
A fusão precoce dos ossos do crânio costuma ocorrer após o nascimento. Por isso, a cranioestenose é melhor notada a partir dos 3 meses de vida.
A expansão cerebral pode ficar comprometida pelo crânio “apertado”.
Nos casos mais graves, a compressão pode levar a lesões neurológicas e trazer riscos para a criança.
Medicações, fatores genéticos e infecções são algumas causas dessa condição que ocorre mais em meninos.
Em resumo, a cranioestenose é uma causa secundária de microcefalia para a qual só existe um tratamento definitivo: cirurgia.
É isso.
Você acabou de conferir a última das 19 causas de microcefalia. Mas ainda não concluímos.
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Vamos em frente…
Entenda a polêmica sobre vacinas, inseticidas, mosquitos transgênicos, microcefalia e aborto
Polêmica #1 Vacina causa microcefalia?
Em janeiro circulou um boato de que vacinas da rubéola seriam a causa do surto de microcefalia no país. Até uma suspeita de lotes vencidos entrou na discussão.
O Ministério da Saúde não silenciou. Segundo a entidade, todas as vacinas distribuídas são seguras e estão dentro do prazo de validade.
A Sociedade Brasileira de Infectologia também emitiu uma nota em repúdio ao boato.
O fato é que nenhuma evidência científica nacional ou internacional relaciona os impactos da vacinação com a microcefalia.
Em relação a rubéola, o esquema é uma dose da vacina tríplice viral aos 12 meses e a segunda dose aos 4 anos de idade.
Caso a mulher chegue à idade fértil sem ter sido vacinada, deverá receber uma única dose.
Grávidas não devem receber a vacina contra a rubéola. Só depois do parto.
Mas mesmo que a mulher esteja grávida, as autoridades asseguram que a vacina não traz riscos significativos de malformação para os bebês.
Polêmica #2 Inseticida causa microcefalia?
A Organização Mundial de Saúde recomenda 12 inseticidas (larvicidas) para reduzir a quantidade de mosquitos.
Um deles, o piriproxifeno, é utilizado em recipientes com água para matar as larvas do mosquito.
E se alguém beber essa água? Em quantidades pequenas não há risco a saúde. O piriproxifeno tem sido utilizado há 20 anos sem qualquer associação com a microcefalia.
Não acredite em opinião sem evidência científica e boato.
Os inseticidas, especialmente os larvicidas, são armas importantes para o médico da saúde pública. Especialmente em cidades e vilas sem água canalizada.
Até o momento, nem a OMS nem as Agências de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e União Europeia encontraram evidências de que algum inseticida afete a gravidez ou o desenvolvimento do bebê.
Polêmica #3 Mosquito transgênico causa microcefalia?
Os machos modificados se acasalam com as fêmeas e as larvas não sobrevivem. Esta prática foi desenvolvida para controlar as populações de mosquitos.
Há quem culpe esses mosquitos geneticamente modificados.
A Organização Mundial de Saúde é taxativa: não há nenhuma evidência de que a Zika ou a microcefalia sejam causadas por mosquitos transgênicos.
No entanto, se por um lado não há evidências contrárias, é preciso estabelecer evidências de mais valor para sua utilização na saúde pública.
Nesse sentido, a Anvisa decidiu que o mosquito transgênico é agora objeto de regulação sanitária.
Por fim, tanto a Anvisa como a OMS encorajam os países afetados a testarem e a utilizarem com critério novas abordagens de combate ao Aedes.
Polêmica #4 O aborto é permitido em casos de microcefalia?
58% dos brasileiros não concordam que grávidas contaminadas pelo Zika vírus tenham direito ao aborto.
Já em casos de microcefalia, 51% adotam essa mesma posição.
E a lei?
O Código Penal Brasileiro, através do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940, Artigo 128, diz que não se pune o aborto praticado por médico nas seguintes situações:
- Aborto necessário. Se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
- Aborto no caso de gravidez resultante de estupro. Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Em 2004, a lei do aborto foi ampliada: é isenta de ilicitude a interrupção da gravidez em caso de gestante portadora de feto anencéfalo.
Em outras palavras, se for diagnosticada anencefalia na gestação, a gestante pode legalmente optar pela interrupção da gravidez.
Algumas considerações…
O diagnóstico isolado de microcefalia no bebê não costuma colocar em risco a vida da gestante.
E também não é uma sentença de morte para o bebê.
Pela lei de 2004 e por resolução do Conselho Federal de Medicina, o aborto só é permitido nos casos mais raros de anencefalia produzidos pelo Zika vírus e outros agentes.
O aborto não é permitido, portanto, nos casos atuais de microcefalia.
Causas de microcefalia: recomendações finais
A microcefalia é uma condição do crânio e do cérebro, cujas medidas estão reduzidas, e que tem inúmeras causas:
- Zika vírus
- Rubéola
- HIV
- Toxoplasmose
- Meningite
- Álcool
- Cigarro
- Drogas ilícitas
- Desnutrição
- Falta de oxigênio
- Síndrome de Down
- Doenças do metabolismo
- Diabetes
- Metais pesados
- Radiação
- Medicamentos
- Cosméticos
- Traumatismos
- Alterações do crânio
O Brasil vive uma epidemia de casos de microcefalia.
E o Zika vírus é a causa determinante do momento. Mas não é a única.
Convidamos você a visitar esse artigo de tempos em tempos para acompanhar a evolução do número de casos.
E outras novidades sobre o assunto.
Segundo o IBGE, antes da epidemia de Zika, 6 em cada 10 mulheres sexualmente ativas no Brasil evitavam a gravidez. Hoje, esse número deve ter aumentado bastante.
Recomendação sobre engravidar
A decisão de uma gestação é individual para cada mulher e sua família.
O mais importante é atualizar o cartão vacinal e seguir o pré-natal.
As grávidas, se possível, devem evitar viagens para locais de alta infestação dos mosquitos.
Dúvida: quem já teve Zika vírus pode engravidar? Sim, pois até o momento não há evidências que associam microcefalia com a infecção prévia.
Apesar de tudo isso, a adesão ao pré-natal no Brasil lamentavelmente gira em torno dos 50%.
Como superar a microcefalia?
- O primeiro passo é entender o que é microcefalia.
- Em seguida, vislumbrar o cenário atual da epidemia.
- A população de maior risco é constituída por mulheres grávidas. Então, deverá ser reconhecida a importância do acompanhamento profissional na gravidez.
- No pré-natal, orientações são dadas pelo médico, além de ações preventivas e exames para diagnosticar precocemente muitas dessas causas.
- As gestantes não devem consumir bebidas alcoólicas ou qualquer tipo de drogas.
- Não devem utilizar medicamentos sem orientação médica.
- Devem se alimentar adequadamente.
- Não devem usar produtos cosméticos de forma negligente.
- Têm de evitar contato com pessoas febris, com exantemas ou infecções.
- Se a futura mãe tiver alguma doença prévia, como diabetes, epilepsia ou fenilcetonúria, deverá ser acompanhada ainda mais de perto se quiser engravidar.
- E se trabalha com metais pesados ou radiação, deverá tomar as devidas precauções.
- Muito cuidado com atividades de risco que possam levar a quedas e acidentes.
- E o acompanhamento não para após o parto. Pelo contrário, muitas doenças do crânio podem ser diagnosticadas nessa fase, inclusive a própria microcefalia.
- Você pôde perceber que o número elevado de casos de microcefalia está ligado ao Zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Logo, estudar o Zika e os hábitos do mosquito são ações fundamentais.
- É preciso mais eficiência para combater os mosquitos transmissores.
- E em casa eliminar os criadouros, denunciando focos em imóveis desocupados e sendo gentil com o agente público que bate à nossa porta.
- Fora as medidas pessoais que vão desde roupas mais adequadas ao uso de repelentes recomendados pela Anvisa.
- A higiene em casa é fundamental, especialmente se conviver com gatos.
- Por fim, caso você não queira engravidar, deverá praticar o sexo protegido. Além de impedir a concepção, evita a transmissão de doenças causadoras da microcefalia como AIDS, Sífilis e a própria Zika.
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(crédito das imagens: shutterstock e pixabay)
Neto com 4 meses… microcefalia é já um diagnóstico.Todo crescimento comprometido! Agora vem se alimentando pouco. Bem pouco .Seio e banana.
Perdendo interesse em mamar.
Mamava muito.Um estimulador de apetite???
Boa tarde! Adorei o artigo, no entanto é muito triste atribuir aos gatos tantas doenças…na verdade deveria ser melhor explicado que é P contato com as fezes (mesmo porque o contato com qualquer tipo de fezes gera infecção l)…então “doença do gato” acho que é muito comprometedor