O que é microcefalia?
A microcefalia é uma desordem do crescimento craniano e cerebral que acomete sobretudo os fetos. Este tipo de malformação também pode ocorrer após o nascimento. Contudo, como o período de maior crescimento e formação cerebral se dá nos primeiros meses intra-uterinos, este período acaba sendo o de maior risco para o desenvolvimento da microcefalia.
O aumento do volume craniano nos primeiros momentos de vida, após a concepção, depende de um estímulo interno fundamental: o crescimento cerebral. Sem um cérebro exercendo “pressão” de dentro para fora, o crânio não expande e permanece pequeno. A microcefalia é um termo que não se aplica a face, o que não descarta problemas associados neste aspecto. Algumas síndromes genéticas, inclusive, podem cursar com malformação de toda a cabeça e outras partes do corpo.
Importante citar também que uma parcela menor de casos de microcefalia pode ser explicada por problemas ósseos, no crânio propriamente dito. O fechamento precoce das suturas cranianas (desaparecimento das “moleiras”), por uma série de motivos, é capaz de impedir o crescimento normal do cérebro, em um mecanismo inverso ao anteriormente explicado.
Causas de microcefalia e relação com o Zika vírus
A microcefalia pode ser causada por uma série de substâncias e infecções. Agentes químicos, abuso de álcool, desnutrição severa, distúrbios metabólicos não tratados como a fenilcetonúria, anormalidades cromossômicas, como é o caso da síndrome de Down, falta de oxigênio para o cérebro em formação, infecções do feto durante a gestação, dentre outros. A lista é extensa.
Especialmente em relação às infecções, podemos citar a rubéola, a toxoplasmose, a citomegalovirose e, mais recentemente, o Zika vírus. Cada agente causador provoca um quadro típico, como alteração na visão, na audição ou em outros órgãos. Aproximadamente 90% dos casos de microcefalia irão apresentar algum tipo de distúrbio cognitivo ou motor. Algumas crianças podem desenvolver crises convulsivas de difícil controle, hiperatividade, mas outras, no entanto, levam uma vida normal, até a idade adulta.
E o Zika vírus? Como ele chega ao cérebro?
Graças a uma descoberta feita pelo Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz), foi possível confirmar que o Zika vírus é capaz de atravessar a barreira placentária e chegar até o líquido amniótico, fluido que envolve o feto durante a gravidez. A descoberta foi inédita na ciência mundial. Aliás, o vírus é capaz de sobreviver lá ainda que já tenha sido eliminado em outras partes do organismo.
Esse achado foi fundamental para embasar possíveis hipóteses para o surto de microcefalia que o Brasil vive nos últimos meses, especialmente a região nordeste. Apesar disso, o Ministério da Saúde só veio confirmar a relação da infecção pelo Zika vírus com a microcefalia nos últimos dias. Agora resta ir mais a fundo e estudar os mecanismos da infecção, suas repercussões e formas de prevenção.
Como o médico diagnostica e trata a microcefalia?
O diagnóstico da microcefalia pode ser realizado já durante o acompanhamento pré-natal por meio de exames não invasivos, como a ultrassonografia, a tomografia e a ressonância magnética do encéfalo. Vale ressaltar que, para investigar as causas que podem estar associadas a esse crescimento anormal do crânio, o pediatra geralmente lança mão de testes sanguíneos. Por outro lado, logo após o nascimento, a utilização de uma simples fita métrica pode determinar o diagnóstico de microcefalia.
O perímetro cefálico
A medida do perímetro cefálico (PC) é muito importante no primeiro ano de vida, pois é um parâmetro antropométrico altamente correlacionado com o tamanho cerebral. Por conta disso, deve ser rotineiramente usado para seguimento individual de crianças de zero a 24 meses, período de maior crescimento pós-natal. Em linhas gerais, quando o pediatra detecta um PC inferior a 33 cm em um bebê nascido a termo, tem-se o diagnóstico de microcefalia.
Existe apenas um tipo de tratamento para a microcefalia, que consiste em separar cirurgicamente os ossos do crânio que se uniram precocemente. No entanto, essa operação realizada por neurocirurgiões apenas permite ao cérebro crescer normalmente dali em diante. Alguma sequela que já tenha se instalado pode não regredir após o procedimento.
O crescimento normal da cabeça nos primeiros anos de vida
A fase de maior crescimento do PC corresponde aos primeiros meses intra-uterinos. No entanto, após o nascimento, essa medida sofre alterações conforme as informações abaixo. O pediatra deve avaliar esse processo de crescimento craniano regularmente:
Dos 0-3 meses, o PC cresce aproximadamente 2 cm/mês; dos 3-6 meses, 1 cm/mês; dos 6-12 meses, 0,5 cm/mês; 1-3 anos, 0,25 cm/mês. Por fim, dos 4 até por volta dos 6 anos de idade, o PC cresce em média 1 cm ao ano.
Um resumo do que acontece no Brasil
- Os primeiros casos relacionados ao vírus Zika no Brasil foram registrados em abril de 2015, no Rio Grande do Norte e na Bahia;
- 24/11 – Pernambuco tem o maior número de casos de microcefalia registrados no país, até então com 97 casos da doença;
- 27/11 – O Governo do Estado de Pernambuco declarou emergência de saúde por conta da infecção pelo Zika vírus e o aumento significativo dos casos de microcefalia;
- 27/11 – O Ministério da Saúde foi notificado pelo Instituto Evandro Chagas sobre três óbitos relacionados ao vírus Zika. As análises indicam que esse agente pode ter contribuído para agravamento dos casos. Esta é a primeira ligação de morte relacionada ao vírus Zika no mundo;
- 28/11 – O Ministério da Saúde divulgou um último balanço sobre a situação: há 1248 casos suspeitos de microcefalia no país, distribuídos em 14 estados brasileiros, e a principal suspeita é que o vírus Zika esteja por trás disso. O estado de Pernambuco segue como o que registra o maior número de casos, 646, mas outros 12 estados e o Distrito Federal também já tiveram confirmação laboratorial da presença do vírus.
E agora?
Algumas notícias podem desanimar um pouco: ainda não há vacina contra o Zika vírus e a microcefalia, uma vez instalada e com repercussões para o cérebro, dificilmente poderá ser revertida. Se por um lado os cientistas ainda buscam conhecer com mais propriedade a relação entre este microrganismo e sua capacidade de prejudicar o sistema nervoso, por outro, você já pode começar fazendo a sua parte. E isso pode significar a saúde da sua família hoje e no futuro.
Mulheres grávidas e não grávidas podem se proteger do mosquito da mesma forma: cobrindo partes expostas através de roupas longas e usando repelentes (com icaridina) para evitar a picada do Aedes Aegypti. Além disso, roupas claras ofuscam a presença do mosquito, por brilharem muito, e favorecem a visualização do inseto. A utilização de telas nas janelas também pode ajudar.
Mas, e se eu estiver pensando em engravidar? Os especialistas aconselham aguardar alguns meses. Se você já estiver grávida, evite viagens para lugares endêmicos e realize o acompanhamento clínico pré-natal conforme preconizado pelas autoridades em saúde.
No mais, ao que tudo indica, o melhor a fazer é combater os focos do mosquito. Não deixar água acumulada. Parece que a população ainda terá de conviver por muito e muito tempo com programas de conscientização do tipo. Tomara que, desta vez, realmente se conscientize.
Fontes: Saúde Plena, Scielo, Olhar Direto, Crescer, abc.med.br, globo.com
Olá, o mosquito transmite ou dengue ou zyka ou chigunguia uma por vez? Ou todas ao mesmo tempo? Estou grávida e nunca peguei nenhuma doença desse mosquito e agora q estou em Fortaleza estou em pânico…. Se o mosquito me picar é certeza q meu neném terá Microcefalia?
Obg
Uma coisa que não entendi muito bem… Esse Zika Vírus é a evolução do mosquito da dengue ou é simplesmente outra espécie do inseto ?
O zika vírus é outro vírus transmitido pelo mesmo mosquito que transmite a dengue, o Aedes aegypti.