Alzheimer: uma breve introdução
A importância da doença de Alzheimer tem sido crescente nos últimos anos, em virtude de uma tendência global de envelhecimento da população. Calcula-se que a prevalência da doença dobre a cada 5 anos a partir dos 65, alcançando 20% da população idosa com mais de 80 anos de idade. É uma doença do futuro e um enorme desafio para as políticas de saúde pública que objetivam não só o aumento da expectativa de vida, mas qualidade no processo de envelhecimento.
Uma série de outras doenças tem seus sintomas sobrepostos aos da doença de Alzheimer, o que dificulta o diagnóstico preciso. Além disso, é muito comum que seus sintomas iniciais sejam confundidos com o processo de envelhecimento normal, o que tende a adiar a busca por orientação profissional e, não tão raro, a doença acaba sendo diagnosticada tardiamente. Recomenda-se que, diante dos primeiros sinais, as famílias procurem profissionais e/ou serviços de saúde especializados para o diagnóstico precoce, o que favorecerá os resultados do tratamento e otimizará os cuidados.
Nos quadros de demência do Alzheimer, normalmente observa-se um início lento dos sintomas (meses ou anos) e uma piora progressiva das funções cerebrais. Uma doença que afeta o pensamento, a concentração, a memória e o julgamento e acaba por deixar a pessoa incapaz para as atividades do dia a dia. Uma doença que afeta a “humanidade” do ser humano: ao passo que as funções cognitivas se deterioram, o portador gradativamente perde o elo com a família e com a sociedade.
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Alzheimer: definição e causas
A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa crônica, progressiva e incurável, que afeta de modo específico o cérebro, cursando com déficits cognitivos e, secundariamente, alterações do comportamento.
Clinicamente evidente como demência, apesar de tudo, possui tratamento. Desde que o neurologista Alois Alzheimer a descreveu pela primeira vez em 1906, ainda não se conhece sua causa específica. Alguns pesquisadores já sugeriram hipóteses como infecções virais, deficiências de enzimas e proteínas e exposição a certas substâncias, como o alumínio. Apenas especulações sem comprovação científica.
Entendendo o papel dos genes na Doença de Alzheimer
Uma situação interessante envolve o estudo dos alelos da apolipoproteína E (ApoE). Esse gene existe na população geral sob três formas: E2, E3 (a mais comum) e E4. Os geneticistas descobriram que pessoas que desenvolvem a doença apresentam uma sub-representação do alelo E2 e uma supra-representação do alelo E4. A ApoE4 atuaria ligando-se à proteína B-amiloide e facilitando seu depósito, ao passo que a ApoE3 teria um efeito protetor, impedindo a fosforilação anormal da proteína tau.
Apesar de corresponder à minoria (cerca de 5%), existem algumas formas familiares da doença de Alzheimer. Nesses casos, ela pode desenvolver-se precocemente, antes dos 60 anos. Sua transmissão familiar é autossômica dominante e três genes diferentes podem estar envolvidos. A expressão excessiva de um gene mutado que codifica a proteína B-amiloide no cromossomo 21 explicaria a elevada incidência dessa condição por volta dos 35-40 anos de idade nos portadores da síndrome de Down. Um gene no cromossomo 14 (gene da pré-senilina 1) seria responsável por 70 a 80% dos casos familiares e um outro gene, no cromossomo 1 (gene da pré-senilina 2), estaria envolvido em cerca de 20% dos casos.
Recentemente, descobriu-se ainda uma associação entre o Alzheimer e genes reguladores do cálcio.
Neuropatologia: as lesões predominantes no cérebro com Alzheimer
Uma redução da quantidade de dendritos precede a perda neuronal. As lesões predominam no sistema hipocampo-amigdaliano e no neocórtex associativo parietotemporal. Contudo, há também lesões subcorticais, que afetam principalmente o núcleo basal de Meynert, cujas projeções são colinérgicas. As lesões do tecido cerebral observadas na doença de Alzheimer são três:
1. Degeneração neurofibrilar (lesões intraneuronais formadas por filamentos fosforilados da proteína tau. Correlaciona-se diretamente com a diminuição das funções cognitivas);
2. Placas senis (lesões extraneuronais provocadas pelo acúmulo de proteína B-amiloide);
3. Amilose vascular cerebral (angiopatia amiloide, caracterizada pela ligação da proteína B-amiloide com a parede dos vasos corticais e leptomeníngeos).
Na doença de Alzheimer há, portanto, prejuízo na transmissão do impulso elétrico, distúrbio da liberação de acetilcolina em áreas específicas, lesão neuronal e, progressivamente, morte de neurônios.
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Um abraço e até a próxima!
Fontes:
- Associação Brasileira de Alzheimer
- Site Drauzio Varella
- Cambier, Jean Neurologia / Jean Cambier, Maurice Masson, Henri Dehen ; com a colaboração de Catherine Masson, Bernard Lechevalier, Pierre Delaporte ; prefácio do Pr. P. Castaigne ; [revisão técnica José Luiz de Sá Cavalcanti ; tradução Fernando Diniz Mundim]. – Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2005. Capítulo 19, páginas 264-265.
- Melo-Souza, Sebastião Eurico de Tratamento das doenças neurológicas / Sebastião Eurico de Melo-Souza. – 2.ed. – Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2008. Capítulo 221, páginas 735-737.
Matéria muito interessante, jamais acreditaria que Alzheimer estaria ligado a doenças genéticas??