Exaustão e esgotamento emocional, perda do interesse pela atividade de trabalho, diminuição da realização pessoal e despersonalização. Fatores que culminam na perda de expectativas e falta de entusiasmo pela vida. Conheça a Síndrome de Burnout.
Estudos realizados pela revista Medscape Physician Lifestyle Report (2015) e pela Revista Brasileira de Epidemiologia (2010 e 2012) apontaram que 46% de todos os médicos pesquisados, 33,6% dos professores do Ensino Fundamental e 17% dos universitários de Odontologia possuem um dos agravos ocupacionais mais comuns na sociedade atual e que acarretam consequências biopsicossociais: a Síndrome de Burnout. Essa síndrome atinge também outros profissionais como enfermeiros, bombeiros, executivos, comerciantes, policiais, bancários, dentre outros que estão em contato diário com pessoas, atuando diretamente na prestação de serviços e expostos a situações estressantes.
Identificando a Síndrome de Burnout
A Síndrome de Burnout é caracterizada pelos seguintes componentes: exaustão e esgotamento emocional, perda do interesse pela atividade de trabalho, diminuição da realização pessoal e despersonalização. Fatores que culminam na perda de expectativas e falta de entusiasmo pela vida, provocando alterações comportamentais como agressividade, isolamento, redução de recursos emocionais para lidar com situações estressantes, perda na capacidade de sensibilização, ausência de interesse pelo trabalho e pelo relacionamento interpessoal. Bem como sintomas físicos e psicológicos, tais quais, dores de cabeça, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, tonturas, tremores, problemas digestivos, falta de ar, fadiga, oscilações de humor, alterações no sono, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo e baixa autoestima.
Atribui-se a ocorrência às características pessoais e do ambiente que acarretam uma reação de tensão emocional crônica, por tratar excessivamente com outros seres humanos em situações de preocupação e problemas. A pesquisa da Medscape, publicada em janeiro de 2015, e buscando compreender melhor a síndrome, solicitou que os médicos pesquisados escrevessem uma lista apontando fatores que eles classificariam como possíveis causadores da síndrome. As principais foram: excesso de burocracia do dia a dia, seguido pela grande quantidade de tempo dispensado ao trabalho e medo de instabilidade financeira.
Um quarto dos médicos lamenta sua escolha profissional, aponta estudo
Ao contrário da máxima popular, a pesquisa apontou que, nesse caso, o dinheiro não traz felicidade, pois os médicos em melhores situações financeiras demonstraram mais medo de uma instabilidade, sendo mais afetados pela síndrome de Burnout. Além disso, uma melhor condição financeira, geralmente, está associada a amplas cargas horárias de trabalho e a uma sobrecarga desgastante. Outra pesquisa de 2015 e também feita com médicos, publicada pela Merritt Hawkins, informou que um quarto dos profissionais lamentava sua escolha profissional e, além disso, eles afirmaram que se começassem novamente escolheriam por outra carreira.
A pesquisa procurou ainda por associação entre fatores sociais e a ocorrência de Burnout: revelando que 59% dos profissionais afetados com a síndrome não tiraram férias de mais de duas semanas nos últimos anos; 46% deles afirmaram se sentir acima do peso; com relação à prática de exercícios físicos, 56% relataram se exercitar menos de duas vezes por semana, enquanto 17% não faziam nenhum exercício em nenhuma quantidade. Apesar de haver estudos relatando que a espiritualidade pode atuar como proteção para Burnout, a pesquisa não encontrou nenhuma associação. A aceitação social e o casamento também têm sido apontados como fatores protetores, sendo isso evidenciado pelo fato de 57% dos que possuem Burnout não serem casados e viverem sozinhos.
Existe tratamento?
Identificou-se com algumas das características que foram apontadas? Está preocupado com a possibilidade de ter a síndrome? Calma! É importante saber que o diagnóstico deve ser feito por um profissional especializado. E, mais que isso, apesar das graves consequências na vida de quem a possui, atualmente são inúmeras as terapêuticas existentes e que têm eficácia comprovada. Desde pequenas mudanças comportamentais à utilização de medicamentos, sendo importante o apoio de um psicólogo e de um psiquiatra.
São indicadas intervenções organizacionais a fim de que se alcance mais equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal, possibilitando a adoção de novos comportamentos como cuidados com a saúde, dormir bem, alimentar-se adequadamente, exercitar-se regularmente, manter vínculos afetivos e uma vida social ativa. Além de psicoterapias, treinamento cognitivo-comportamental, exercícios de relaxamento mental e físico, intervenções alternativas como massagem e meditação. Em casos mais graves são utilizados a associação de tranquilizantes e antidepressivos. Estudos concluíram reduções significativas no esgotamento, estresse, depressão e ansiedade após nove meses de intervenção e concomitantemente contribuíram para o cultivo de um pensamento claro, equanimidade e maior bem estar físico e mental.
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