Você é um dos fanáticos por videogames? Ou acha que são más influências para crianças e jovens? Bem ao estilo “tudo depende do ponto de vista”, as pesquisas vêm mostrando que os videogames podem não ser tão ruins assim.
Você é um dos fanáticos por videogames? Ou acha que são más influências para crianças e jovens? Bem ao estilo “tudo depende do ponto de vista”, as pesquisas vêm mostrando que os videogames podem não ser tão ruins assim.
Os videogames vêm sendo alvo de várias críticas na mídia acerca de seu “caráter violento e pouco cultural”. Pais e profissionais da educação se preocupam com supostos efeitos negativos dos jogos para as crianças, citando o “aumento da agressividade, do sedentarismo e o risco de vício”. É claro que tudo em excesso é prejudicial e que cada pessoa vai ser influenciada à sua maneira. Contudo, vale lembrar que o rock, a televisão e até mesmo os romances já passaram pelas mesmas críticas, cada um em sua época.
Já faz um tempo que os videogames fazem parte do nosso dia-a-dia. Resta a dúvida: são heróis ou vilões?
Seu cérebro e os videogames
Assim como em qualquer outra atividade, de lazer ou não, seu cérebro está sendo estimulado através da realização de tarefas específicas. Isso permite que ele se desenvolva e se torne mestre nessas mesmas atividades com o tempo (por exemplo, ler estimula a criatividade e a própria capacidade de leitura dinâmica). Com os jogos, não teria porque funcionar diferente.
Estudos realizados mostraram que jogadores têm melhor tempo de reação e melhor coordenação entre os movimentos de olhos e mãos, além de terem uma melhor capacidade de visualização espacial (por exemplo, conseguem manipular mais facilmente objetos tridimensionais). Em outras pesquisas, foi observado que as pessoas que jogavam jogos de ação (mesmo aqueles tão difamados jogos de guerra e tiroteio) tinham melhor desempenho em tarefas que envolviam percepção. Ao treinar a observação de padrões e estruturas de ambientes, os jogadores se tornavam melhores na percepção, na atenção e na cognição.
Videogames têm utilidade?
Fora o uso puramente lúdico, o videogame tem ganhado destaque para usos mais “profissionais”. Videogames captam a atenção dos jogadores, são interessantes, permitem experiências diferentes das do dia-a-dia e podem ser projetados para fins específicos. Além disso, não são seletivos para um grupo social: qualquer um, de qualquer idade, sexo, etnia, profissão etc pode aprender a jogar videogames. Foram essas características que estimularam pesquisas sobre o uso dos mesmos fora do campo do entretenimento.
Já foram observados bons resultados tanto na área da educação quanto da saúde. Ao motivar o jogador na busca de certos objetivos e recompensas, e ao prender sua atenção, os videogames têm sido vistos como uma boa alternativa no processo de aprendizado. Estudantes que jogaram jogos específicos desenvolveram melhor as capacidades de trabalho em grupo e de concentração na busca de um objetivo, além do aprendizado de habilidades específicas buscadas pelos jogos em questão.
Na área da saúde, vêm sendo usados na fisioterapia, por exemplo. Algumas revisões sobre o assunto mostraram que os jogos melhoraram os resultados tanto em terapias psicológicas quanto em terapias físicas, além de reduzir a percepção de dor dos pacientes e melhorar a maneira como cada um lida com sua condição.
Videogames e os estudantes de medicina
Juntando um pouco os dois temas, as pesquisas têm mostrado bons resultados na área do ensino médico. Os videogames permitem o treino em habilidades específicas e outras atividades mais extraordinárias e distintas do dia-a-dia.
Os estudos mostram que estudantes da área da saúde, e mesmo médicos formados, apresentaram uma melhora de desempenho após treinarem habilidades com videogames. A ideia é inclusive apoiada pelos estudantes de medicina que, em um estudo sobre o assunto, foram bem favoráveis a eles como método de ensino durante o curso.
Pontos negativos
É claro que tudo em excesso pode ser prejudicial. Pessoas que jogam em excesso e deixam de lado o contato social e a atividade física, ou mesmo outras formas de lazer, podem desenvolver más condições de saúde.
Além disso, existe uma preocupação com o conteúdo dos videogames. Uma pesquisa sobre a percepção dos jogadores sobre essa questão evidenciou que jogadores mais velhos ou que jogavam menos percebiam mais facilmente estereótipos presentes em personagens dos jogos. Acreditavam, ainda, que os mesmos deveriam ser mais controlados pelos pais.
Videogames são heróis ou vilões?
Como qualquer outra tecnologia, o videogame pode ser bom ou mau. Depende mais de quem o joga do que da tecnologia em si.
Por exemplo, as principais queixas quanto ao conteúdo violento ou estereotipado dos videogames também servem à outras formas de entretenimento (filmes, programas de televisão, letras de música e mesmo em livros). Assim, mais do que um problema associado aos videogames, essa é uma questão que precisa ser discutida mais amplamente, envolvendo vários outros elementos de nosso cotidiano.
Da mesma forma, deixar a vida de lado é prejudicial. E, claro, uma vez que o público infantil atual é vidrado na tecnologia, fica, principalmente para os pais, a responsabilidade de buscar a melhor maneira de educar seus filhos sobre o assunto e orientá-los adequadamente.
Usados da maneira correta, videogames podem ser uma forma de lazer muito interessante e inofensiva, servindo de treino para habilidades úteis necessárias no dia-a-dia, além de seu futuro promissor como método de ensino e de terapêutica.
Fontes: The Washington Post, American Journal of Preventive Medicine, Child Youth Environ, BMC Medical Education
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