Quantas horas você trabalha por semana?
Um novo estudo, publicado ontem na revista The Lancet, alerta para possíveis riscos de uma jornada de trabalho muito longa. Na verdade, um aumento da carga horária de cerca de 2 horas por dia já aumenta o risco para embolia cerebral e ataque cardíaco.
O que é a embolia cerebral?
Embolia é um termo genérico que caracteriza a presença de um corpo “estranho” circulando dentro de um vaso sanguíneo e que, geralmente, ocasiona a obstrução desta veia ou artéria. Pode ser uma embolia de gordura, de ar, formada por coágulos de sangue ou mesmo materiais estranhos que caíram na circulação inadvertidamente durante algum procedimento cirúrgico.
A embolia cerebral é um evento potencialmente catastrófico que pode levar ao acidente vascular cerebral e, consequentemente, à morte.
Workaholic?
Você é um trabalhador compulsivo? O termo está na moda. Muita gente, aliás, se gaba pela rotina acelerada e envolvida com muitos afazeres. Mas isso tem o seu preço, e ele pode ser bem alto…
As longas jornadas de trabalho se constituem um grave perigo para a saúde. Nesse sentido, os cientistas procuraram evidências que comprovassem esse risco e que poderiam servir de alerta para a população em idade produtiva. Eles tomaram como referência uma jornada de trabalho média que varia entre 35 e 40 horas semanais (você trabalha mais que isso?); e a pergunta que direcionou o estudo era: o aumento das horas trabalhadas aumenta o risco de doenças cardiovasculares?
Considerações sobre o estudo
Ao analisarem os dados de mais de 500 mil pessoas nos Estados Unidos, Europa e Austrália, o receio se confirmou. Os trabalhadores em excesso tinham mais risco sim de sofrer uma embolia ou um ataque cardíaco. Especificamente, uma jornada de trabalho de 41 a 48 horas semanais aumentava o risco associado em 10%; trabalhar de 49 a 54 horas por semana elevava o perigo em até 27%; e fazer mais de 55 horas multiplicava o perigo em três vezes. Ao todo, 25 estudos foram extensivamente analisados em busca de tendências.
Apesar de não ter estabelecido uma relação causal entre os resultados encontrados, a equipe acredita que as extensas jornadas de trabalho podem estar relacionadas a um amento da prevalência dos fatores de risco para doenças cardiovasculares, como o estresse, a vida sedentária e o consumo excessivo de álcool. Além disso, os trabalhos caracterizados pela imobilidade, como ficar muitas horas sentado, poderiam elevar esses riscos.
Urban Jarlert, pesquisador da Universidade Umea da Suécia, chama a atenção para uma legislação que regule com rigor a jornada de trabalho. Não só uma legislação que proteja a saúde do trabalhador, mas que puna os empregadores que não venham a seguir as orientações legais.