Será que quem se apaixona rapidamente pela profissão é mais bem sucedido? Será que é possível aprender a amar o que se faz e ser igualmente eficiente no trabalho ao longo do tempo? Um estudo recente discute a questão.
O manual de felicidade geralmente cultua a ideia de que é preciso amar o que se faz. Essa crença prega que o trabalho deve causar uma recompensa emocional que justifique mentalmente essa escolha. Quem encontrou um trabalho que ama, cujo cotidiano não seja massacrante, e onde a motivação parece não ter fim, sabe do que estamos falando.
No entanto, essa necessidade de se ligar emocionalmente à profissão, logo nos primeiros momentos da experiência profissional, é mais uma hipótese difundida do que propriamente uma verdade científica. Um estudo recente, conduzido pela doutoranda em psicologia Patricia Chen, questiona a necessidade desse amor à primeira vista ao avaliar um trabalho em potencial e traz uma conclusão interessante…
Assim como nos relacionamentos, podemos aprender a amar a nossa profissão e sermos igualmente eficazes a longo prazo
O estudo definiu que há duas medidas, portanto, para alcançar essa desejada afinidade emocional com a profissão. Ou se tem paixão à primeira vista, ou essa paixão é cultivada ao longo do tempo quando se ganha competência em uma linha de trabalho. Em seguida, o grupo liderado pela pesquisadora investigou as expectativas das pessoas, suas escolhas e os resultados associados a cada uma dessas duas mentalidades.
E descobriu que ambas são igualmente eficazes para se alcançar o bem-estar profissional. O que difere é como essas mentalidades motivam as pessoas a alcançarem esta satisfação, disse Chen. Um exemplo desse ajuste motivacional realizado pelas pessoas que cultivam essa paixão gradativamente é a priorização de outros prazeres indiretos associados ao trabalho, como o salário.
A conclusão, que aparece na revista Personality and Social Psychology Bulletin, traz um alento para aqueles que ainda não se sentem apaixonados por aquilo que fazem. Talvez, o amor pode vir com o tempo.
Não há amor pelo trabalho que resista, sem recompensa justa. Chega um dia em que o ideal não mais o sustenta, se todas as outras áreas da vida, financeira, familiar, social, dependentes de uma boa remuneração profissional, fracassam. Hoje acredito que tem mais chances de alcançar realização pessoal, quem tem o trabalho como trabalho e não como paixão, porque pode se dedicar ao que a vida oferece, como por exemplo um hobby, sem ficar restrito apenas aos prazeres que o trabalho proporciona.
Valeria um artigo para complementar este, tratando da via inversa, quando o profissional que ama seu trabalho brocha completamente em certo trecho do caminho. Por exemplo, a síndrome de Burnout. Resisti a muitas mudanças no cenário da publicidade, como a migração da prancheta para o computador no início dos anos 90. Mas o amor acabou ao constatar que o que funcionava muito bem antes não funciona mais, e o mundo parece imerso na ilusão do comércio virtual e do desespero por “likes”, leads e conversões. O publicitário se tornou um contador de métricas malucas. Caí fora, depois de trinta anos apaixonado, o amor acabou. Desabafo à parte, este é um sentimento que afeta profissionais de todas as áreas.