A fase adulta chega a galope e a realidade atinge a maioria de nós como um coice. Muitos dos seus sonhos não irão se realizar. Na maioria das vezes por culpa exclusivamente sua.
Desde quando os seus primeiros contatos com o mundo começam a ocorrer, o ser humano passa a formar suas impressões e idealizar o próprio futuro. Você ainda deve se lembrar de pensamentos antigos, da tenra infância, de quando imaginava se tornar um policial, ou médica, ou um ninja. Durante a adolescência, à medida que o tempo passa e o conhecimento se acumula, os sonhos se tornam um pouco mais realistas e, ao mesmo tempo, mais sofisticados, envolvendo detalhes além de carreiras e consumo, como hobbies, família, filantropia e espiritualidade. A fase adulta chega a galope e a realidade atinge a maioria de nós como um coice. Muitos dos seus sonhos não irão se realizar. Na maioria das vezes por culpa exclusivamente sua.
Como foi que você se meteu nessa?
Por serem muito complexos e possuírem uma variedade muito ampla de necessidades, os humanos carecem da capacidade de identificar suas prioridades e promover o equilíbrio entre os seus objetivos. O maior ponto de desequilíbrio que pude identificar até hoje nas pessoas é o dinheiro. Não somos educados, seja pelos pais ou pelas escolas, para lidar racionalmente com o dinheiro. São raras as exceções. Pelo contrário, passamos a vida sendo bombardeados por maus exemplos de gestão financeira. Quando não vêm da própria família, com pais endividados, é algum parente, amigo ou o próprio governo, com a sua dívida impagável.
A falta de capacidade para lidar com as próprias finanças tem consequências que vão muito além delas. O descontrole vai afetar a sua vida desde o sentimento de frustração com o trabalho e a renda em si (conforme tratamos no artigo Sem dinheiro???? Você pode estar doente…), até o seu relacionamento com amigos e familiares. Não é exagero: tudo pode dar errado na sua vida só porque você não quer aprender a tratar o dinheiro de forma racional.
Quantos sonhos não foram abandonados ou adiados eternamente, por uma carreira mais pragmática? O jogador de futebol que passa a vida atrás da mesa do escritório; a bailarina que é personal trainer; o desenhista que é gerente de contas do banco; e talvez o mais trágico de todos: o empreendedor que se torna funcionário público. Todos nós conhecemos um monte de pessoas que abandonaram sonhos por ocupações mais rentáveis ou mais seguras, mas que detestam. É preciso chamar a atenção novamente para o fato de que a remuneração em si não é o fator mais importante para a sua segurança financeira. O que importa é o seu controle sobre si mesmo. Neste ponto, essa breve cena do filme Amor sem Escalas ilustra o que acabou de ser dito.
[quote author=”Lucas Santana” align=”right”]O problema é que ele trocou um sonho por um pouco mais de dinheiro…[/quote]
O problema do empregado interpretado por J.K. Simmons nunca foi dinheiro. Ele estava fazendo U$90.000,00 por ano, o que, com o dólar hoje cotado a R$3,18, significaria um salário de aproximadamente R$22.000,00 mensais. O problema é que ele trocou um sonho por um pouco mais de dinheiro e acabou se deparando com uma situação em que não tinha mais nenhum dos dois. A frustração do personagem ao dizer quanto pagaram para que ele desistisse do seu sonho é marcante. Eu desconfio que no Brasil tem muita gente desistindo dos seus sonhos por muito menos! E isso é somente um aspecto.
Você pode ser bem sucedido e fazer o que gosta, mas sacrifica tempo com a família porque adotou um padrão de vida muito alto, que precisa ser provido pelo seu trabalho. Só que a família também era um sonho. Como foi que você se meteu nessa? O casamento que tinha tudo para dar certo azedou porque você não tem tempo para conviver. O parceiro não entende que você não é ausente porque quer, mas porque precisa. Precisa? Tornou-se escravo do seu estilo de vida e finge que não sabe.
A falta de organização, planejamento e disciplina com as contas domésticas faz com que todos os sonhos acabem sendo adiados em caráter definitivo. Não me refiro ao carro, às viagens e sonhos de consumo. É o tempo que encolhe. O tempo passa rápido enquanto trabalhamos porque, de uma certa forma, concentrados no trabalho, estamos distraídos de todo o resto. Os filhos crescem e você não participou da vida deles; você não assiste os filmes que gostaria; as cordas da guitarra enferrujaram sem que você aprendesse a tocar; aquele trabalho voluntário que você pensou em fazer no orfanato, esse ano não deu tempo; e a saúde também vai mal, porque você come qualquer porcaria e não se exercita. E falando nisso, a faixa preta no jiu-jitsu vai ter que esperar você pagar essa hipoteca.
3 passos para você reencontrar os seus sonhos
E se alguém te disser que você pode reencontrar o seu tempo e os seus sonhos, apenas mudando a sua relação com o dinheiro? A solução está em três palavras: autoconhecimento, planejamento e disciplina.
Autoconhecimento
Você sabe o que você e a sua família realmente precisam para ter uma vida confortável? Isso envolve o cálculo de um nível ótimo de conforto material e tempo de convivência. Quanto maior o nível de conforto, mais trabalho é necessário para mantê-lo e menos tempo para usufrui-lo. Todo mundo tem algum amigo com uma casa toda equipada com itens de última geração que ele nunca tem tempo para usar.
Planejamento
Um dia desses você foi se vestir e simplesmente não conseguia entrar na sua calça. O primeiro pensamento deve ter sido “ah… eu preciso de uma calça maior”. Errado! Você precisa emagrecer. Não é sua roupa que encolheu, é você que engordou. Com as finanças, é a mesma coisa. Se suas despesas estão superando a sua renda, você não precisa necessariamente de mais renda, você precisa de menos despesas. Agora que você já sabe o que você precisa e o que é dispensável, você pode passar a planejar seus gastos, alocar seus recursos de maneira racional, de modo que se tornem suficientes e compatíveis com ela, a sua renda. É possível fazer sobrar dinheiro, poupar para uma aposentadoria confortável, para uma educação melhor para os filhos. Acreditem, orçamento doméstico é matemática básica pura, ou ainda, muito parecido com aqueles jogos de bloquinhos para bebês: o quadrado simplesmente não entra no espaço do triângulo.
Disciplina
Agora que já sabe o que precisa e já sabe o que fazer, o passo seguinte é aprender a se levar a sério e seguir à risca o que você mesmo se propôs. As tentações serão muitas. O mercado está cheio de armadilhas como crédito fácil, promoções, celulares novos, roupas de marca, prazeres momentâneos e centenas de modalidades de rituais de consumo, como happy hours, baladas, cafés, sobremesas e um monte de hábitos de consumo que, além de te empobrecer, engordam.
O dinheiro pode ser a corrente que escraviza ou a chave que liberta. É preciso entender que ele pode estar ao nosso serviço e que isso só depende de quem controla a carteira. O dinheiro pode efetivamente libertar através do consumo. O consumo é o exercício máximo do poder de escolha do indivíduo. Diferente da democracia, onde se exige o consenso mínimo de 50% mais um, no consumo, ninguém precisa concordar com você para que você obtenha o que quer, o que precisa. Esse poder precisa ser exercido com sabedoria e responsabilidade. Aprenda isso e poderá se reencontrar com os seus sonhos.
Imagens: goo.gl/jaaayi e goo.gl/mvCmfh
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