A ativação do estriado ventral e da amígdala estaria relacionada com o comportamento de risco em resposta ao estresse. Entenda como foi possível prever comportamentos como a promiscuidade e problemas com bebida a partir de “fotografias” do cérebro.
Olha o que sugere essa pesquisa recente: uma análise de exames de imagem cerebrais pode ser capaz de fornecer informações importantes sobre o comportamento de adultos jovens. No caso, prever se os mesmos irão desenvolver problemas com bebida ou se envolver em comportamentos sexuais de risco, em resposta ao estresse. Interessante não?!
A nova pesquisa começou em 2010 e procura compreender melhor como as interações entre cérebro, genoma e ambiente produzem comportamentos de risco capazes de influenciar o desenvolvimento de doenças mentais, incluindo depressão, ansiedade e dependência.
O segredo está na ativação de duas regiões cerebrais…
O método escolhido foi a ressonância magnética funcional. A partir dela, mediu-se a atividade de duas áreas do cérebro que ajudam a moldar comportamentos cruciais para a sobrevivência: o estriado ventral, associado ao sistema de recompensa, e a amígdala, envolvida com a avaliação de ameaças. Em uma amostra de 200 participantes, a conclusão foi: tanto um estriado ventral hiperativo, como uma amígdala hipoativa, estiveram associados com problema de bebida em resposta ao estresse.
Os pesquisadores descobriram que o padrão cerebral inverso – baixa atividade do estriado ventral e alta atividade da amígdala – também previu o problema de forma semelhante.
“Nós agora temos estes dois perfis distintos de risco que, em geral, refletem o desequilíbrio na função de áreas cerebrais tipicamente complementares”, disse Hariri, autor principal do estudo. “Se você tem alta atividade em ambas as áreas, não há problema. Se você tem baixa atividade em ambas as áreas, também não há problema. O problema é quando elas estão fora de sintonia.”
Uma possível explicação para a bebedeira
Curiosamente, as pessoas com os dois perfis de risco poderiam beber por razões diferentes: aquelas com alta atividade do estriado ventral podem ser motivadas a beber porque são impulsivas. Um sinal de perigo “inferior” proveniente da amígdala pode fazê-las ter menos controle lógico sobre suas ações.
Em contraste, os participantes com baixa atividade do estriado ventral geralmente têm menor “estado de espírito”, e uma amígdala hiperativa pode torná-los mais sensíveis ao estresse. Consequentemente, eles beberiam como um mecanismo de enfrentamento.
Sobre o comportamento sexual
Equilíbrio na atividade do estriado ventral e amígdala também prevê o comportamento sexual, de acordo com um segundo estudo, semelhante, publicado em junho no Journal of Neuroscience .
Para os homens, o mesmo padrão de atividade cerebral ligada ao problema com a bebida foi encontrado: a combinação de hiperatividade do estriado ventral e baixa atividade da amígdala estive associada a um maior número de parceiros sexuais, em comparação com aqueles homens com atividade mais equilibrada das duas áreas do cérebro.
O curioso é que nas mulheres, o padrão de risco para a “promiscuidade” foi diferente. Elas apresentaram maior atividade do que o normal tanto no estriado ventral como na amígdala, indicando recompensa e ameaça em alta.
“Não é muito claro porque isso acontece”, disse Hariri. “Uma possibilidade é que a amígdala represente coisas diferentes para homens e mulheres.” Nestas, a atividade amigdaliana pode estar relacionada a uma maior sensibilização geral, excitação e capacidade de resposta que, quando combinadas à uma maior recompensa no estriado ventral, levaria a um maior número de parceiros. Em contrapartida, nos homens, o sinal da amígdala poderia ser mais focado na detecção de perigo.
O desequilíbrio na ativação de duas áreas do cérebro, o estriado ventral (VS, na escala vertical) e a amígdala, prevê problemas com bebida em estudantes universitários que estão lidando com o estresse. A ativação das mesmas duas áreas do cérebro também esteve relacionada ao número de novos parceiros sexuais.
Perspectivas futuras
O próximo passo será incluir uma terceira região do cérebro no estudo: o córtex pré-frontal, responsável pelas decisões cerebrais e julgamento. Esta parte do cérebro pode ajudar os pesquisadores a prever com mais precisão quais os indivíduos podem se envolver em comportamentos de risco.
Como disse Hariri, desenvolver preditores baseados no cérebro é importante porque os indivíduos não são necessariamente conscientes de seus riscos, nem seus médicos. “Com esse conhecimento em mãos, poderemos antecipar os problemas e antecipar o que a natureza desses problemas trará. Esse conhecimento pode ser fundamental na prevenção desses comportamentos.”
Fonte: Science Daily