Em uma descoberta impressionante que derruba décadas de ensino de livros didáticos, pesquisadores norte-americanos descobriram vasos linfáticos no cérebro, canais envolvidos com o sistema imunológico que até então se acreditava inexistentes.
Em uma descoberta impressionante que derruba décadas de ensino de livros didáticos, os pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Virginia determina que o cérebro está diretamente ligado ao sistema imunológico por canais que se pensava inexistentes. O fato de que tais canais de ligação poderiam ter escapado à detecção quando o sistema linfático foi extensamente mapeado por todo o corpo já é surpreendente por si só. Contudo, o verdadeiro significado da descoberta reside nos efeitos que o estudo poderia ter sobre o tratamento de doenças neurológicas, como o autismo, a doença de Alzheimer e a esclerose múltipla.
A nova descoberta vai mudar os livros didáticos
O presidente do Departamento de Neurociências UVA descreveu sua reação à descoberta de Kipnis: “A primeira vez que esses caras me mostraram o resultado preliminar, eu só disse uma frase: ‘Eles vão ter que mudar os livros didáticos’. Nunca houve antes uma associação entre o sistema linfático e o sistema nervoso central (…); isso vai mudar fundamentalmente a forma como as pessoas olham para a relação do sistema nervoso central com o sistema imunológico”.
Inicialmente cético, Kipnis dizia: “Eu realmente não acredito que existem estruturas do corpo que ainda não estão mapeadas. Eu pensei que estas descobertas terminaram por volta de meados do século passado. Mas, aparentemente, não é o caso.”
Como isso foi possível?
A descoberta foi possível graças ao trabalho de Antoine Louveau, um pós-doutorado no laboratório de Kipnis. Os vasos foram detectados após Louveau desenvolver um método para montar meninges de um rato – as membranas que cobrem o cérebro – em um único slide para que elas pudessem ser examinadas como um todo. “Foi relativamente fácil, na verdade”, disse ele. “Houve um truque: fixamos as meninges dentro da calota craniana, de modo que o tecido é fixado em sua condição fisiológica, e então nós dissecamos. Se tivéssemos feito isso ao contrário, não teria funcionado”.
Quanto à forma como os vasos linfáticos do cérebro conseguiram escapar de serem notados por todo esse tempo, Kipnis observou que eles seguem um grande vaso sanguíneo para dentro dos seios venosos, uma área bem escondida. “O linfático está tão próximo do vaso sanguíneo, que fica realmente muito difícil de vê-lo”, disse ele.
Doença de Alzheimer, autismo, esclerose múltipla e similares
A presença inesperada de vasos linfáticos levanta um enorme número de questões que agora precisam de respostas, tanto sobre o funcionamento do cérebro, como sobre as doenças que o acometem. “Na doença de Alzheimer, há acúmulo de grandes aglomerados de proteína no cérebro”, disse Kipnis. “Acreditamos que eles podem estar se acumulando no cérebro porque não estão sendo eficientemente removidos por essas vias.” Ele observou que os vasos linfáticos parecem diferentes com a idade, de modo que o papel que desempenham no envelhecimento é uma outra avenida para explorar. Há uma enorme variedade de outras doenças neurológicas, de autismo a esclerose múltipla, que devem ser reconsideradas à luz da presença de algo que a ciência insistiu por muito tempo que não existia.
Fonte: Science Daily
E quanto à esclerose lateral amiotrófica?