Entenda como a depressão pode estar relacionada com o Facebook. Veja ainda as mais recentes descobertas sobre o uso de antidepressivos. Estamos vivendo uma epidemia?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que até 2020 a depressão será a segunda condição médica mais prevalente no mundo.
Quais são as principais manifestações da depressão?
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), as pessoas deprimidas perdem o interesse em atividades cotidianas e sentem-se persistentemente inundados pelo sentimento de tristeza profunda. Relatam também, falta de energia, perda de apetite, humor irritável, dificuldade de concentração, sentimentos de inutilidade, lentidão do pensamento e da capacidade motora, perda ou ganho de peso sem justificativa, alterações no sono que podem ser desde insônia até sono excessivo, pensamentos recorrentes de morte e suicídio. O diagnóstico de depressão é feito pelo médico diante da recorrência desses sintomas durante a maior parte do dia, por pelo menos duas ou três semanas.
Estudos anteriores demonstraram que as pessoas deprimidas possuem baixa atividade do córtex pré-frontal dorsolateral, responsável pelo controle das funções executivas, da memória e da cognição.
Por que estamos nos tornando pessoas depressivas?
Diversas pesquisas tentam encontrar essa resposta e apontam uma série de fatores que contribuem para isso e que estão diretamente relacionados com as pressões da vida moderna, a obsessão por ganhos materiais, sucesso financeiro e status.
Segundo um dos pesquisadores “nós nos tornamos uma cultura que se concentra mais em coisas materiais e menos nos relacionamentos” e esse foco está afetando nossa saúde mental, passamos cada vez mais tempo no trabalho e menos finais de semanas de lazer, os almoços na casa da vovó e os jantares entre amigos foram substituídos pelos grupos de Whatsapp, fomos inundados pela urgência do imediatismo e estamos mais expostos aos estresses produzidos pelo trânsito e pela burocracia, bem como substâncias como álcool e outras drogas.” Ou seja, alteramos nossas prioridades, o que nos torna significativamente mais propensos a sentimentos de isolamento, incompreensão e instabilidade emocional que podem desencadear a depressão.
O Facebook pode ser visto como um vilão?
A rede social tem sido ironicamente associada à depressão. Um novo estudo publicado pela Universidade de Houston constatou que pessoas de ambos os sexos que passam mais tempo conectadas ao Facebook têm mais sintomas depressivos, e apontou a comparação social propiciada pela rede como um fator de mediação para esse fenômeno. Muitas vezes comparamos nossos momentos monótonos com as felicidades alheias, as montagens de férias e as fotos de bebês compartilhadas pelos nossos amigos, o que pode nos fazer sentir mais deprimidos.
A rede social também pode estar relacionada com a chamada pressão por desempenho. As redes sociais permitem que tenhamos acesso facilitado a informações sobre outras pessoas e sobre outras formas de viver que se diferenciam da nossa maneira de levar a vida e que parecem, pelo menos virtualmente, mais associadas à felicidade e à realização. Isso acaba aumentando a nossa sensação de descontentamento com nós mesmos e desencadeando sintomas depressivos.
Estamos nos afogando em um mar de remédios…
O uso de antidepressivos superou o de analgésicos e antibióticos. A quantidade de prescrições duplicou entre 2003 e 2013, passando de 27,7 milhões para 53,3 milhões.
Acredita-se que o uso de antidepressivos tornou-se mais comum, porque ao longo dos últimos anos houve maiores campanhas de promoção dos cuidados em saúde mental que disseminaram a necessidade e a aceitação de tratamento para a doença.
O mundo está vivendo uma epidemia de depressão?
Apesar do uso de antidepressivos ter aumentado exponencialmente, um estudo realizado pela Nuffield descobriu que a correlação entre o uso desses medicamentos e a prevalência de depressão é muito fraca, pois o número de casos da doença não é compatível com o número de prescrições. Suspeita-se que os antidepressivos não estão sendo utilizados apenas para depressão, mas também para sofrimentos ditos como naturais, assim como descontentamentos emocionais, que vêm sendo medicados sem necessidade.
É importante ressaltar que os medicamentos são uma forma extremamente eficaz no tratamento de doenças desde que sejam devidamente prescritos e cuidadosamente monitorizados. Além disso, deve estar associado a algum tipo de psicoterapia para conseguir efetivamente minimizar os sintomas da depressão. Segundo o Instituto Internacional de Saúde Mental, os adolescentes com depressão que receberam uma combinação de medicação e psicoterapia durante um período de 36 semanas tiveram melhoras significativamente superiores aos pacientes que receberam apenas uma das formas de tratamento.
Nem tudo está perdido…
A retomada de hábitos antigos, a prática de exercício e de meditação mindfulness, o fortalecimento de vínculos reais entre a família e os amigos podem ser a chave para o reequilibro emocional e a redução dos casos de depressão.
Referências: Forbes, Medical News
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