Pode parecer loucura, mas há um animal acenando para você no filme de radiologia. A primeira vez que vi e li a informação, simplesmente não acreditei. Os nódulos brancos foram esquecidos e passei a rastrear a imagem toda com meus olhos…
A tarefa principal do radiologista é analisar radiografias. Em 2012, o neurocientista Jeremy Wolfe e seus colegas apresentaram a figura abaixo misturada com muitas outras a especialistas, e também a observadores destreinados, e pediram que calculassem o número de nódulos brancos cancerosos nos pulmões dos pacientes. Também foi solicitado para os participantes diferenciar os nódulos de vasos sanguíneos. Que tal fazer esse mesmo exercício?
Mas o que os neurocientistas queriam saber era se os participantes perceberiam um gorila de 360 quilos na chapa de radiologia. Aliás, você conseguiu fazer isso?
Pode parecer loucura, mas há um animal desses na imagem. A primeira vez que vi e li a informação, não acreditei. Os nódulos brancos foram esquecidos e passei a rastrear a imagem toda com meus olhos. Em alguns momentos, tomava conta que estava olhando a borda da página do artigo – nada a ver com a imagem. Acho que você está nessa mesma condição, não é verdade?
No estudo publicado pela Psychological Science, todos os observadores não treinados, e surpreendentes 83% dos radiologistas experientes, não conseguiram enxergar o primata durante um experimento realizado com figuras semelhantes.
Acontece que o nosso cérebro suprime informações desnecessárias para que dados relevantes e significativos tenham maiores chances de serem processados conscientemente. Em outras palavras, o que percebemos como realidade depende do nosso foco! O cérebro escolhe onde concentrar suas forças. Observe: a partir do momento que mencionei o gorila, seu foco mudou.
Tenho certeza que você olhou para a imagem com “outros olhos”. Durante a leitura deste texto a imagem está ganhando outro sentido para você.
A “cegueira” por desatenção
Este experimento demonstra o que os neurocientistas chamam de cegueira por desatenção. Isto não quer dizer que os profissionais estavam distraídos. Muito menos que o cérebro falhou. A tarefa específica delegada aos radiologistas era caracterizar nódulos brancos nas imagens, e não encontrar gorilas na radiografia. Na verdade, o sistema de atenção agiu de forma eficiente, suprimiu distrações irrelevantes e orientou o participante para o objetivo central da tarefa.
E aí, até o final dessa leitura, encontrou o gorila de 360kg?
Resposta: existe uma miniatura de um gorila em pé, acenando para você com o braço direito. Ele está localizado no quadrante superior direito da figura, dentro do parênquima pulmonar (área escura).